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QUATRO MESES DEPOIS DA PASSAGEM POR PLUTÃO, CONTINUAM AS DESCOBERTAS DA NEW HORIZONS
10 de novembro de 2015

 


As montanhas majestosas, planícies geladas e neblinas de Plutão: apenas 15 minutos depois da sua maior aproximação de passado dia 14 de julho de 2015, a sonda New Horizons olhou para trás em direção ao Sol e capturou esta imagem do aproximar do pôr-do-Sol perto de montanhas e planícíes geladas que se estendem para lá do horizonte de Plutão. A área lisa da planície Sputnik Planum (direita) é flanqueada a oeste (esquerda) por montanhas com até 3500 metros de altura, incluindo o informalmente denominado Norgay Montes no pano da frente e Hillary Montes na linha do horizonte. Para a direita, a este de Sputnik, terreno mais rugoso é cortado por glaciares. A retroiluminação destaca mais de uma dúzia de camadas na ténue mas larga atmosfera de Plutão. A imagem foi obtida a uma distância de 18.000 km de Plutão; a cena mede 1250 km de largura.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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De possíveis vulcões de gelo a luas rodopiantes, a equipa científica da New Horizons está a discutir mais de 50 descobertas emocionantes acerca de Plutão, esta semana, na 47.ª Reunião Anual da Divisão de Ciências Planetárias da Sociedade Astronómica Americana em National Harbor, Maryland, EUA.

"A missão New Horizons pegou no que pensávamos saber sobre Plutão e virou-o de cabeça para baixo," afirma Jim Green, diretor de ciência planetária na sede da NASA em Washington. "É por isto que exploramos - para satisfazer a nossa curiosidade inata e para responder às perguntas mais profundas sobre como chegámos aqui e o que está além do próximo horizonte."

Numa tal descoberta, os geólogos da New Horizons combinaram imagens da superfície de Plutão para fazer mapas tridimensionais que indicam que as montanhas mais características de Plutão podem ser criovulcões - vulcões de gelo que podem ter estado ativos no passado geológico recente.

"É difícil imaginar quão rapidamente a nossa visão de Plutão e das suas luas estão a evoluir com cada novo fluxo de dados a cada semana. À medida que as descobertas surgem a partir desses dados, Plutão torna-se cada vez mais uma 'estrela' (figurativamente) no Sistema Solar," afirma Alan Stern, investigador principal e do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado. "Além disso, aposto que para a maioria dos cientistas planetários, qualquer uma ou duas das nossas maiores descobertas sobre um mundo seriam consideradas surpreendentes. Tê-las todas é simplesmente incrível."

Os dois candidatos a criovulcão são grandes características que medem dezenas de quilómetros de diâmetro e vários quilómetros de altura.

"São grandes montanhas com um grande buraco no cume, e na Terra isso geralmente significa uma coisa - um vulcão," explica Oliver White, investigador de pós-doutorado da New Horizons no Centro de Pesquisa Ames da NASA em Moffett Field, Califórnia. "Se são vulcânicas, então a depressão no cume provavelmente formou-se via colapso à medida que o material entrava em erupção a partir de baixo. As texturas acidentadas dos flancos das montanhas podem representar fluxos vulcânicos de algum tipo que viajaram até às planícies mais abaixo, mas ainda não sabemos a sua composição."

Embora sejam parecidos com os vulcões que cá na Terra expelem rocha derretida, os vulcões de gelo em Plutão parecem emitir uma mistura mais ou menos derretida de substâncias como água gelada, azoto, amónia ou metano. Se Plutão tiver mesmo vulcões, fornecerá uma nova e importante pista no que toca à sua evolução geológica e atmosférica.

"Afinal, nunca se viu nada como isto no Sistema Solar exterior e profundo," afirma Jeffrey Moore, líder da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging) da New Horizons, também do Centro Ames.

A Longa História da Atividade Geológica de Plutão

De acordo com novas descobertas da New Horizons, a superfície de Plutão varia em idade - antiga, intermediária e relativamente jovem.

Para determinar a idade de uma área à superfície do planeta anão, os cientistas contam crateras de impacto. Quantas mais crateras de impacto, mais antiga provavelmente é. A contagem de crateras em áreas à superfície de Plutão indica que tem regiões que remontam quase à formação dos planetas no nosso Sistema, há cerca de 4 mil milhões de anos.

Mas também há uma vasta área que, em termos geológicos, nasceu ontem - o que significa que pode ter sido formada nos últimos 10 milhões de anos. Esta área, informalmente denominada Sputnik Planum, aparece no lado esquerdo do "coração" de Plutão e está completamente livre de crateras em todas as imagens recebidas até agora.

Novos dados da contagem de crateras também revelam a presença de terrenos intermediários, ou de "idade média", em Plutão. Isto sugere que Sputnik Planum não é uma anomalia - que Plutão tem estado ativo geologicamente durante a maior parte da sua história com mais de 4 mil milhões de anos.

"Mapeámos mais de mil crateras em Plutão, que variam muito em tamanho e aparência," afirma Kelsi Singer, investigadora de pós-doutorado, também do SwRI. "Entre outras coisas, espero que os estudos de crateras como estas nos proporcionem novas informações sobre como esta parte do Sistema Solar foi formada."

Blocos de Construção do Sistema Solar

As contagens de crateras estão também a dar à equipa da New Horizons novos conhecimentos sobre a estrutura da própria Cintura de Kuiper. A escassez de crateras mais pequenas em Plutão e na sua maior lua, Caronte, indica que a Cintura de Kuiper, que é uma região inexplorada do nosso Sistema Solar, provavelmente tinha menos objetos menores do que alguns modelos haviam previsto.

Isto leva os cientistas da New Horizons a duvidar de um modelo de longa data que afirma que os objetos da Cintura de Kuiper foram formados através da acumulação de objetos muito mais pequenos - com menos de 1,6 km de largura. A ausência de crateras pequenas em Plutão e em Caronte suporta outros modelos que teorizam que os objetos da Cintura de Kuiper com dezenas de quilómetros podem ter-se formado diretamente no seu tamanho atual - ou perto do tamanho atual.

De facto, as evidências de que muitos dos objetos da Cintura de Kuiper podem ter "nascido já grandes" animou bastante os cientistas no sentido de que o próximo alvo potencial da New Horizons - o KBO (Kuiper Belt Object) de nome 2014 MU69, com 40-50 km de largura - poderá fornecer o primeiro olhar detalhado de um antigo e pristino bloco de construção do Sistema Solar.

As Luas Rodopiantes e Incorporadas de Plutão

A missão New Horizons também está lançando nova luz sobre o fascinante sistema de luas de Plutão e suas propriedades invulgares. Por exemplo, quase todas as luas no Sistema Solar - incluindo a Lua da Terra - estão em rotação síncrona, mantendo um rosto em direção ao planeta. Este não é o caso para as pequenas luas de Plutão.

Os pequenos satélites naturais de Plutão giram muito mais depressa, sendo que Hidra - a sua lua mais distante - completa 89 rotações por cada órbita em redor do planeta anão. Os cientistas pensam que estas taxas de rotação podem ser variáveis porque Caronte exerce uma forte influência que impede com que cada uma das luas pequenas assente em rotações síncronas.

Outra coisa estranha acerca das luas de Plutão: os cientistas esperavam que os satélites oscilassem, mas não a este ponto.

 

"As luas de Plutão portam-se como piões," afirma Mark Showalter, co-investigador do Instituto SETI em Mountain View, no estado americano da Califórnia.

As imagens dos quatro satélites mais pequenos de Plutão também indicam que vários podem ser o resultado de fusões entre duas ou mais luas.

"Suspeitamos que Plutão teve mais luas no passado, no rescaldo do grande impacto que também deu origem a Caronte," comenta Showalter.

 


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Usando imagens da superfície de Plutão, obtidas pela New Horizons para produzir mapas topográficos em 3-D, os cientistas descobriram que duas das montanhas de Plutão, com os nomes informais Wright Mons e Piccard Mons, podem ser vulcões de gelo. As cores mostram mudanças em elevação. O azul indica terreno mais baixo e o castanho mostra elevações mais altas. Os terrenos verdes têm alturas intermédias.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Posições de mais de 1000 crateras mapeadas em Plutão pela New Horizons, que indicam uma vasta gama de idades, o que provavelmente significa que Plutão tem permanecido geologicamente ativo ao longo da sua história.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Os dados da New Horizons indicam que pelo menos duas - e possivelmente as quatro - das pequenas luas de Plutão podem ser o resultado de fusões entre luas ainda mais pequenas. Se esta descoberta for confirmada com mais análises, pode dar importantes novas pistas acerca da formação do sistema plutoniano.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Links:

Cobertura da missão New Horizons pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
20/10/2015 - Novas imagens de Plutão e Caronte
09/10/2015 - New Horizons encontra céus azuis e água gelada em Plutão
02/10/2015 - Caronte, a grande lua de Plutão, revela uma história colorida mas violenta
25/09/2015 - Plutão continua a impressionar
18/09/2015 - Plutão deslumbra em espetacular novo panorama retroiluminado
11/09/2015 - Novas imagens de Plutão pela New Horizons: é complicado
08/09/2015 - New Horizons começou fase intensiva de envio dos dados
01/09/2015 - Equipa da New Horizons escolhe potencial alvo da Cintura de Kuiper para "flyby"
28/07/2015 - New Horizons encontra neblina, "glaciares" em Plutão
24/07/2015 - Nova cadeia montanhosa em Plutão; imagens de Nix e Hidra
21/07/2015 - As planícies geladas e a atmosfera de Plutão
17/07/2015 - New Horizons "telefona"; envia primeiros dados da passagem por Plutão
14/07/2015 - New Horizons passa hoje por Plutão
03/06/2015 - Plutão a cores. Tem manchas, metano e, quem sabe, nuvens
29/05/2015 - New Horizons vê mais detalhes em Plutão 
01/05/2015 - New Horizons deteta características à superfície, possivelmente uma calote polar em Plutão
09/12/2014 - New Horizons acorda para encontro com Plutão 
26/08/2014 - New Horizons passa órbita de Neptuno a caminho de encontro histórico com Plutão 
17/06/2014 - Fracturas em lua de Plutão podem indicar que já teve um oceano subterrâneo
10/06/2014 - Plutão e Caronte podem partilhar atmosfera
25/06/2013 - Equipa da New Horizons mantém plano de voo original para Plutão
29/11/2011 - Luas de Plutão podem significar perigo para a New Horizons 
25/07/2007 - Neva em Caronte
28/02/2007 - A semana dos "flybys"
20/01/2006 - New Horizons partiu
18/06/2004 - New Horizons II - uma missão ao Sistema Solar longínquo

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
As rodopiantes luas de Plutão (NASA via YouTube)
Recursos das conferências da reunião (NASA)
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