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Edição n.º 1561
22/02 a 25/02/2019
 
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22/02/19 - Observação Noturna + palestra - MERCÚRIO
21:30 - Este evento inclui uma apresentação sobre um tema astronómico, seguida de observação astronómica noturna com telescópio no nosso maravilhoso terraço (dependente de meteorologia favorável).
Local: CCVAlg
Preço: 2€
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 22/02: 53.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1632 era publicado o "Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo" de Galileu.
Em 1824 nascia Pierre Janssen, astrónomo francês que, juntamente com o cientista inglês Joseph Norman Lockyer, é creditado com a descoberta da natureza gasosa da cromosfera solar e, com alguma justificação, o elemento hélio.
Em 1857 nascia Heinrich Hertz, físico alemão que clarificou e expandiu a teoria eletromagnética da luz de James Clerk Maxwell.

Foi o primeiro a provar conclusivamente a existência de ondas eletromagnéticas ao construir instrumentos para transmitir e receber pulsos de rádio. A unidade científica da frequência tem o nome "hertz" em sua honra. 
Em 1995, o cosmonauta Valeri Polyakov regressa à Terra depois de quebrar o recorde do maior tempo passado na estação espacial Mir: 438 dias.
Observações: O inverno ainda vai perdurar mais um mês, mas uma antevisão das estrelas de primavera espera por si se sair à rua pelas 23 horas. A essa hora, a Lua Minguante estará um pouco acima do horizonte a este. Procure Espiga para baixo e para a sua direita, a cerca de 7º (menos de um punho à distância do braço esticado). Quatro vezes essa distância, mas para a esquerda da Lua, está a mais brilhante Arcturo, com um pálido tom amarelo-laranja.

Dia 23/02: 54.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1583 nascia Jean-Baptiste Morin, astrólogo e astrónomo, conhecido por opôr-se a Galileu e às suas ideias.
Em 1950, descoberta do asteroide (29075) 1950 DA. Foi observado durante 17 dias e depois diminuíu de brilho até não poder ser visto durante meio século. No fim do ano 2000 (31 de dezembro), um objeto foi reconhecido como sendo o há muito perdido 1950 DA. Observações do objeto descrevem a rocha como tendo 1,1 km de diâmetro e uma rotação de 2,1 horas, a rocha com o período de rotação mais rápido já encontrada no nosso Sistema Solar. 
Em 1987, supernova na Grande Nuvem de Magalhães visível a olho nu, resultado de uma explosão da supergigante azul Sanduleak 69.
SN1987A. Crédito: HST
Conhecida como SN1987A, foi a primeira supernova "próxima" dos últimos três séculos.
Em 1999, conjunção de Júpiter com Vénus. As conjunções não são eventos raros. Mas as conjunções planetárias são raramente tão próximas e Vénus e Júpiter são os objetos astronómicos mais brilhantes do céu, a seguir ao Sol e à Lua (objetos naturais - o terceiro objeto em geral é agora a ISS).
Observações: Uma observação fácil usando Sirius: com binóculos, examine a região 4º S de Sirius (diretamente por baixo pelas 20 ou 21 horas). Quatro graus é um pouco menos do que um típico campo de visão binocular. Consegue ver uma pequena mancha difusa cinzenta? É o enxame aberto M41, a aproximadamente 2200 anos-luz de distância. Sirius, em comparação, está a apenas 8,6 anos-luz.

Dia 24/02: 55.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1967, nascia Brian Schmidt, astrónomo e astrofísico australiano que em 2011 partilhou com Saul Perlmutter e Adam Riess o Prémio Nobel da Física por fornecer evidências da aceleração da expansão do Universo.
Em 1968 foi descoberto o primeiro pulsar, por Jocelyn Bell Burnell, numa pesquisa no rádio. Hewish e Ryle, codiretores do projeto, receberam o prémio Nobel da Física em 1974 por conjugar as observações com um modelo duma estrela de neutrões em rotação. 
Em 1969 era lançada a sonda americana Mariner 6. A 31 de julho de 1969, passou a 3330 km de Marte e enviou de volta 74 imagens.
Em 1979, lançamento do satélite Solwind P78-1.
Em 1996 foi lançada a sonda POLAR para estudar a região dos pólos da Terra, uma região ativa do geoespaço.
Em 2011, voo final do vaivém Discovery, na sua missão STS-133.

Observações: Esta é uma boa semana para observar a luz zodiacal, caso viva a latitudes norte, agora que o céu não tem Lua e a eclíptica inclina-se alta a oeste ao cair da noite. A partir de um local escuro e limpo, olhe para oeste ao final do lusco-fusco à procura de uma grande, alta mas difusa pirâmide de luz nacarada. Está inclinada para a esquerda, alinhando-se ao longo das constelações do zodíaco: passa por Aldebarã e chega até às Plêiades.
O que está a ver é poeira interplanetária iluminada pelo Sol, que orbita a nossa estrela perto do plano da eclíptica. Acredite ou não, vista a partir de distâncias interestelares, esta característica seria, após o próprio Sol, a característica mais brilhante do Sistema Solar. As "luzes zodiacais" de poeira em torno de outras estrelas poderão ser, um dia, um obstáculo real para poder ver pequenos exoplanetas terrestres.

Dia 25/02: 56.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 2007, a sonda Rosetta passa por Marte.

Observações: Júpiter já é visível a sudeste algumas horas antes do amanhecer. Pelas 6 da manhã já está a sul-sudeste, entre as constelações de Escorpião e Sagitário (em Ofíuco, propriamente dito). Os pontos brilhantes mais para baixo e para a direita são os planetas Saturno e Vénus. A Lua brilha para cima e para a direita.

 
CURIOSIDADES

O "lander" InSight começou a registar dados meteorológicos diários do seu local de aterragem em Elysium Planitia. O website divulga a temperatura, a velocidade do vento e a pressão do ar.
 
MINÚSCULA LUA DE NEPTUNO, AVISTADA PELO HUBBLE, PODE SER FRAGMENTO DE LUA MAIOR
Impressão de artista que mostra o planeta mais exterior do Sistema Solar, Neptuno, e a sua pequena lua Hipocampo. Hipocampo foi descoberta em imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA.
Emboras as imagens captadas pelo Hubble tenham permitido com que os astrónomos descobrissem a lua e medissem o seu diâmetro, cerca de 34 km, estas imagens não nos permitem ver características à superfície.
Crédito: ESA/Hubble, NASA, L. Calçada
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Os astrónomos dizem que é a "lua que não devia estar lá."

Após vários anos de análise, uma equipa de cientistas planetários, usando o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, finalmente encontrou uma explicação para a misteriosa lua que orbita Neptuno descoberta com o Hubble em 2013.

A lua minúscula, chamada Hipocampo, está invulgarmente perto de uma lua neptuniana muito maior de nome Proteu. Normalmente, uma lua como Proteu devia ter ou empurrado ou "engolido" a lua menor enquanto limpava o seu percurso orbital.

Então, porque é que a pequena lua existe? Hipocampo é provavelmente um pedaço da lua maior que resultou de uma colisão com um cometa há milhares de milhões de anos. A pequena lua, com apenas 34 km de diâmetro, tem 1/1000 da massa de Proteus (que tem 418 km de diâmetro).

"A primeira coisa que percebemos foi que não seria de esperar uma lua tão pequena ao lado da maior lua interior de Neptuno," disse Mark Showalter do Instituto SETI em Mountain View, no estado norte-americano da Califórnia. "No passado distante, dada a lenta migração para fora da lua maior, Proteu já esteve onde Hipocampo está agora."

Esta composição mostra a localização da lua Hipocampo de Neptuno, anteriormente conhecido como S/2004 N 1.
A lua tem apenas 34 km de diâmetro é muito ténue, e portanto as câmaras da Voyager 2 não a viram quando por passou por Neptuno em 1989. Nesta imagem de 2009 aparecem várias luas descobertas pela Voyager, juntamente com uma estrutura circumplanetária conhecida como arcos dos anéis.
Mark Showalter do Instituto SETI descobriu Hipocampo em julho de 2013 quando analisava mais de 150 imagens de arquivo de Neptuno obtidas entre 2004 e 2009.
A imagem a preto e branco foi obtida em 2009, com o instrumento WFC3 (Wide Field Camera 3) do Hubble no visível. O Hubble captou a imagem colorida de Neptuno no dia 19 de agosto de 2009.
Crédito: NASA, ESA e M. Showalter (Instituto SETI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Este cenário é apoiado por imagens da Voyager 2 de 1989 que mostram uma grande cratera de impacto em Proteu, quase grande o suficiente para ter destruído a lua. "Em 1989, pensámos que a cratera era o fim da história," explicou Showalter. "Com o Hubble, sabemos agora que um pequeno pedaço de Proteu foi deixado para trás e vemo-lo hoje como Hipocampo." As órbitas das duas luas estão separadas por mais ou menos 12.070 km.

O sistema de satélites de Neptuno tem uma história violenta. Há milhares de milhões de anos, Neptuno capturou a grande lua Tritão da Cintura de Kuiper, uma grande região de objetos gelados e rochosos para lá da órbita de Neptuno. A gravidade de Tritão teria destruído o sistema de satélites originais de Neptuno. Tritão instalou-se numa órbita circular e os detritos das luas neptunianas destruídas foram novamente aglutinados numa segunda geração de satélites naturais. No entanto, o bombardeamento de cometas continuou a provocar danos, levando ao nascimento de Hipocampo, que pode ser considerado um satélite de terceira geração.

Este diagrama mostra as posições orbitais das luas interiores de Neptuno, que variam entre 17 e 420 km em diâmetro. A lua exterior, Tritão, foi capturada da Cintura de Kuiper há algunas milhares de milhões de anos.
Isto destruiu o sistema de satélites originais de Neptuno. Depois de Tritão ter assentado numa órbita circular, os detritos das luas dilaceradas recoalesceram na segunda geração de satélites interiores que vemos hoje.
No entanto, o bombardeamento de cometas continuou, levando ao nascimento de Hipocampo, um fragmento de Proteu. Portanto, Hipocampo é considerado um satélite de terceira geração.
Nem o tamanho das luas e Neptuno, nem as órbitas, estão à escala.
Crédito: NASA, ESA e A. Feild (STScI)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Com base em estimativas das populações de cometas, sabemos que outras luas do Sistema Solar exterior foram atingidas por cometas, destruídas e recriadas várias vezes," realçou Jack Lissauer do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Silicon Valley, Califórnia, coautor da nova investigação. "Este par de satélites fornece uma ilustração dramática de que as luas são às vezes quebradas por cometas."

Hipocampo é uma criatura da mitologia grega, meio-peixe, meio-cavalo. O nome científico do cavalo-marinho é Hippocampus, também o nome de uma estrutura importante do cérebro humano. As regras da União Astronómica Internacional exigem que as luas de Neptuno recebam o nome de figuras do mundo submarino da mitologia grega e romana.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
ESA (comunicado de imprensa)
Hubble/ESA (comunicado de imprensa)
Instituto SETI (comunicado de imprensa)
Universidade de Berkeley (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Nature)
Artigo científico (PDF)
Animação da lua Hipocampo de Neptuno (HubbleESA via YouTube)
Hubblesite
Astronomy
Sky & Telescope
SPACE.com
Nature
science alert
New Scientist
PHYSORG
ScienceNews
Popular Mechanics
National Geographic
CNN
Gizmodo
ars technica
The Verge
METRO
RTP Notícias
Diário de Notícias
Expresso
Público
Observador
ZAP.aeiou

Neptuno:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Hipocampo:
Wikipedia

Proteu:
Wikipedia

Tritão:
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

Sondas Voyager:
Página oficial (NASA)
Heavens Above
Voyager 1 (Wikipedia)
Voyager 2 (Wikipedia)

 
ATMOSFERA DA TERRA ESTENDE-SE ATÉ À LUA - E ALÉM
Onde a nossa atmosfera se funde com o espaço exterior, há uma nuvem de átomos de hidrogénio chamada geocoroa.
Uma descoberta recente com base em observações da SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) da ESA/NASA mostra que a camada gasosa que envolve a Terra alcança 630.000 km de distância, ou 50 vezes o diâmetro do nosso planeta.
Nota: a ilustração não está à escala.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A parte mais externa da atmosfera do nosso planeta estende-se bem para lá da órbita lunar - quase o dobro da distância da Lua.

Uma descoberta recente com base em observações da SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) da ESA/NASA mostra que a camada gasosa que envolve a Terra alcança 630.000 km de distância, ou 50 vezes o diâmetro do nosso planeta.

"A Lua voa através da atmosfera da Terra," diz Igor Baliukin do Instituto de Pesquisa Espacial da Rússia, autor principal do artigo que divulga os resultados.

"Nós não sabíamos disto até que 'tirámos o pó' a observações feitas há mais de duas décadas pela sonda SOHO."

Onde a nossa atmosfera se funde com o espaço exterior, há uma nuvem de átomos de hidrogénio chamada geocoroa. Um dos instrumentos da nave, SWAN, usou os seus sensores sensíveis para traçar a assinatura do hidrogénio e detetar com precisão quão longe estão os limites da geocora.

Estas observações só podiam ser feitas a certas épocas do ano, quando a Terra e a sua geocoroa aparecessem no campo de visão do SWAN

Para planetas com hidrogénio nas suas exosferas, o vapor de água é frequentemente visto mais próximo da sua superfície. Este é o caso da Terra, Marte e Vénus.

"Isto é especialmente interessante quando se procura planetas com potenciais reservatórios de água para lá do nosso Sistema Solar," explica Jean-Loup Bertaux, coautor e investigador principal do SWAN.

O primeiro telescópio na Lua, colocado pelos astronautas da Apollo 16 em 1972, capturou uma imagem evocativa da geocoroa em redor da Terra e brilhando intensamente no ultravioleta.

"Naquela época, os astronautas à superfície lunar não sabiam que estavam realmente inseridos nos arredores da geocora," explica Jean-Loup.

A Terra e o seu invólucro de hidrogénio, ou geocoroa, vista da Lua. Esta imagem, no ultravioleta, foi obtida em 1972 com uma câmara operada pelos astronautas da Apollo 16 na Lua.
Uma descoberta recente com base em observações da SOHO (Solar and Heliospheric Observatory) da ESA/NASA mostra que a camada gasosa que envolve a Terra alcança 630.000 km de distância, ou 50 vezes o diâmetro do nosso planeta.
Crédito: NASA
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Nuvem de hidrogénio

O Sol interage com os átomos de hidrogénio através de um determinado comprimento de onda ultravioleta chamado Lyman-alpha, que os átomos podem absorver e emitir. Dado que este tipo de radiação é absorvida pela atmosfera da Terra, só pode ser observada do espaço.

Graças à sua célula de absorção de hidrogénio, o instrumento SWAN pôde medir seletivamente a luz Lyman-alpha da geocoroa e descartar átomos de hidrogénio mais longe no espaço interplanetário.

O novo estudo revelou que a luz do Sol comprime átomos de hidrogénio na geocoroa no lado diurno da Terra, e também produz uma região de densidade reforçada no lado noturno. A região mais densa do hidrogénio, no lado diurno, é ainda assim bastante esparsa, com apenas 70 átomos por centímetro cúbico 60.000 km acima da superfície da Terra e cerca de 0,2 átomos à distância da Lua.

"Na Terra, chamaríamos a isto vácuo, de modo que esta fonte extra de hidrogénio não é suficientemente significativa para facilitar a exploração espacial," diz Igor.

A intensidade da emissão de átomos de hidrogénio na parte externa da atmosfera da Terra, a geocoroa, medida pelo instrumento SWAN a bordo da sonda SOHO da ESA/NASA. A baixa intensidade é indicada em azul, alta a vermelho.
Os dados revelaram que a geocoroa alcança 630.000 km de distância, ou 50 vezes o diâmetro do nosso planeta. A Terra está localizada no centro da área branca, demasiado pequena para ver vista a esta escala; a extensão da órbita da Lua em torno da Terra está representada como uma elipse pontilhada para referência.
Crédito: ESA/NASA/SOHO/SWAN; I. Baliukin et al. (2019
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A boa notícia é que estas partículas não representam uma ameaça para os viajantes espaciais em futuras missões tripuladas que orbitem a Lua.

"Há também radiação ultravioleta associada à geocoroa, pois os átomos de hidrogénio espalham a luz solar em todas as direções, mas o impacto sobre os astronautas em órbita lunar seria insignificante em comparação com a principal fonte de radiação - o Sol," acrescenta Jean-Loup Bertaux.

Do lado negativo, a geocoroa da Terra pode interferir com observações astronómicas futuras realizadas nas proximidades da Lua.

"Os telescópios espaciais que observam o céu no ultravioleta, para estudar a composição química de estrelas e galáxias, precisariam de levar isto em conta," realça Jean-Loup.

O poder dos arquivos

Lançado em dezembro de 1995, o observatório espacial SOHO tem vindo a estudar o Sol, desde o seu núcleo profundo até à coroa externa e vento solar, há mais de duas décadas. O satélite orbita no primeiro ponto de Lagrange (L1), a cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra em direção ao Sol.

Impressão de artista da SOHO da ESA e da NASA, com o Sol visto pelo seu telescópio ultravioleta no dia 14 de setembro de 1999.
Crédito: sonda - ESA/ATG medialab; Sol - ESA/NASA/SOHO
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Esta posição é um bom ponto de observação para observar a geocora de fora. O instrumento SWAN, da SOHO, observou a Terra e a sua atmosfera estendida em três ocasiões entre 1996 e 1998.

A equipa de investigação de Jean-Loup e Igor, na Rússia, decidiu recuperar este conjunto de dados dos arquivos para análise posterior. Estas vistas únicas de toda a geocoroa, pela SOHO, estão agora a lançar luz sobre a atmosfera da Terra.

"Os dados arquivados há muitos anos podem muitas vezes ser explorados para novas ciências," diz Bernhard Fleck, cientista do projeto SOHO da ESA. "Esta descoberta destaca o valor dos dados recolhidos há mais de 20 anos e o excecional desempenho da SOHO."

Links:

Cobertura da missão SOHO pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
04/12/2015 - SOHO celebra 20 anos de exploração espacial
14/04/2015 - Estudo descobre que pequenas erupções solares podem ter efeitos profundos em planetas desprotegidos
05/09/2014 - Investigadores descobrem novas pistas para determinar ciclo solar
18/07/2014 - As horas finais do ISON
30/08/2011 - Avanços nas manchas solares
04/03/2011 - Investigadores desvendam o mistério do Sol sem manchas
31/08/2010 - Manchas solares aumentam e diminuem a duração do dia na Terra
14/06/2008 - Sol parece calmo demais
24/10/2007 - Os contínuos mistérios do Sol
17/01/2007 - McNaught pelo olho da SOHO 
30/05/2006 - SOHO liderará frota de observatórios solares
02/12/2005 - SOHO completa 10 anos
15/04/2005 - Compreendendo melhores as erupções solares
25/01/2005 - Mancha solar ejecta grande tempestade de radiação
09/04/2004 - SOHO vê o seu 750.º cometa 
19/03/2004 - SOHO capta imagem espectacular de erupção solar

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Journal of Geophysical Research Letters: Space Physics)
Universe Today
science alert
Futurism
ZME science
PHYSORG

SOHO:
Página oficial 
Página da ESA 
Wikipedia

Geocoroa:
SwRI
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Terra:
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COMETA DA ROSETTA ESCULPIDO POR STRESS
Imagem melhorada da NavCam e obtida dia 27 de março de 2016, quando a Rosetta estava a 329 km do núcleo do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. A escala é de 28m/pixel e a imagem mede 28,7 km de comprimento.
Crédito: ESA/Rosetta/NavCam
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Está stressado(a)? Não está sozinho(a). A missão Rosetta da ESA revelou que o stress geológico decorrente da forma do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko tem sido um processo chave na escultura da superfície e do interior do cometa após a sua formação.

Os cometas pequenos e gelados com dois lóbulos distintos parecem ser comuns no Sistema Solar, um possível modo de formação sendo uma colisão lenta de dois objetos primordiais nos estágios iniciais de formação, há 4,5 mil milhões de anos. Um novo estudo que usa dados recolhidos pela Rosetta durante os seus dois anos no Cometa 67P/C-G iluminou os mecanismos que contribuíram para moldar o cometa ao longo dos milhões de anos seguintes.

Os investigadores usaram modelagem de stress e análises tridimensionais de imagens obtidas pela câmara de alta resolução OSIRIS da Rosetta para estudar a superfície e o interior do cometa.

Estas imagens mostram como o cometa de lóbulo duplo da Rosetta, 67P/Churymov-Gerasimenko, tem sido afetado por um processo geológico chamado tensão de cisalhamento.
A forma do cometa pode ser vista nos dois diagramas à esquerda, enquanto as quatro imagens para a direita são ampliações nas partes marcadas pela caixa (o "pescoço" do cometa. A seta vermelha aponta para o mesmo local em ambas as imagens, visto a partir de uma perspetiva diferente.
As duas imagens centrais mostram esta parte do pescoço, usado num novo estudo que explora como a forma do cometa evoluiu ao longo do tempo. As duas imagens à direita realça características diferentes no cometa usando as imagens como plano de fundo. As linhas vermelhas traçam padrões de fratura e falhas formadas por tensão de cisalhamento, uma força mecânica vista frequentemente em ação em sismos ou glaciares na Terra e noutros planetas terrestres. Isto ocorre quando dois corpos ou blocos se empurram e se movem um junto ao outro em direções diferentes, e pensa-se ter sido induzida aqui pela rotação e forma irregular do cometa. A cor verde assinala camadas em "terraços".
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA; C. Matonti et al. (2019)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Encontrámos redes de falhas e fraturas que penetram a 500 metros de profundidade e que se estendem por centenas de metros," diz o autor principal Christopher Matonti da Universidade Aix-Marseille, na França.

"Estas características geológicas foram criadas por tensão de cisalhamento, uma força mecânica vista frequentemente em ação em sismos ou glaciares na Terra e noutros planetas terrestres, quando dois corpos ou blocos se empurram e se movem um junto ao outro em direções diferentes. Isto é extremamente empolgante: revela muito sobre a forma e estrutura interna do cometa, e como mudou e evoluiu ao longo do tempo."

O modelo desenvolvido pelos investigadores descobriu que a tensão de cisalhamento atinge o pico no centro do "pescoço" do cometa, a parte mais fina do astro que liga os dois lóbulos.

"É como se o material em cada hemisfério estivesse a puxar e a separar-se, contorcendo a parte do meio - o pescoço - e fazendo com que fique mais fino através da erosão mecânica resultante," explica o coautor Olivier Groussin, da mesma universidade francesa.

"Nós pensamos que este efeito surgiu originalmente por causa da rotação do cometa, combinada com a sua forma inicial assimétrica. Formou-se um binário (torque) onde o pescoço e a "cabeça" se encontram à medida que estes elementos protuberantes se torcem em redor do centro de gravidade do cometa."

As observações sugerem que a tensão de cisalhamento atuou globalmente no cometa e, crucialmente, em torno do seu pescoço. O facto de que as fraturas podem propagar-se tão profundamente em 67P/C-G também confirma que o material que compõe o interior do cometa é frágil, algo que não estava claro antes.

"Nenhuma das nossas observações pode ser explicada por processos térmicos," acrescenta o coautor Nick Attree da Universidade de Stirling, no Reino Unido. "Só fazem sentido quando consideramos uma tensão de cisalhamento que atua sobre todo o cometa e especialmente no seu pescoço, deformando-o, danificando-o e fraturando-o ao longo de milhares de milhões de anos."

A sublimação, o processo de transformar gelo em vapor, que resulta na libertação de poeira cometária para o espaço, é outro processo bem conhecido que pode influenciar a aparência de um cometa ao longo do tempo. Em particular, quando um cometa passa mais perto do Sol, aquece e perde os seus gelos mais depressa - talvez melhor visualizado nalgumas das explosões mais dramáticas captadas pela Rosetta durante a sua estadia em redor do Cometa 67P/C-G.

Os novos resultados mostram como os cometas de lóbulo duplo evoluíram ao longo do tempo.

O diagrama ilustra a evolução do cometa de lóbulo duplo da Rosetta, 67P/Churyumov-Gerasimenko, ao longo dos últimos 4,5 mil milhões de anos.
Pensa-se que o cometa foi formado no disco primordial do Sistema Solar, talvez quando dois objetos pequenos colidiram lentamente um com o outro. Os cometas formam-se no gelado Sistema Solar exterior e estão armazenados em vastas nuvens antes de começarem a sua viagem para o interior; pensa-se que o cometa 67P/C-G tenha entrado na região dos planetas gigantes há centenas de milhões de anos. Nessa altura já tinha surgido uma forma de erosão geológica de nome tensão de cisalhamento e era o processo dominante que esculpia e moldava a superfície e o interior do cometa. Um novo estudo que usa dados da Rosetta descobriu que este stress atingiu o pico na região que liga os dois lóbulos do cometa: o "pescoço". Este pescoço sofreu a maior parte da erosão mecânica, fraturando-se e ficando mais fino ao longo do tempo - visto no diagrama como as linhas cruzadas.
As etapas finais cobrem o período de tempo de algumas dezenas de milhares de anos até hoje, um período durante o qual a erosão por sublimação tem sido a força dominante a moldar a superfície e o interior do cometa. Este tipo de erosão ocorre quando o Sol aquece os gelos no interior do cometa, fazendo que sublime para gás e escape para o espaço, transportando com ele material cometário. Isto enfraqueceu ainda mais o pescoço do cometa, e a força tornou-se mais poderosa à medida que viajava para o interior, desde a órbita de Júpiter até Marte.
É importante dizer que as setas vermelhas não representam a rotação cometária; ao invés, representam a deformação de cisalhamento e ilustram o binário (torque) gerado no pescoço.
Crédito: C. Matonti et al. (2019)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Pensa-se que os cometas tenham sido formados nos primeiros dias do Sistema Solar e que estejam armazenados em vastas nuvens na fronteira exterior antes de começarem a sua viagem para o interior. Teria sido durante esta fase inicial de "construção" do Sistema Solar que 67P/C-G obteve a sua forma inicial.

O novo estudo indica que, mesmo a grandes distâncias do Sol, a tensão de cisalhamento agiria ao longo de uma escala de tempo de milhares de milhões de anos após a formação, enquanto a erosão por sublimação "toma as rédeas" em escalas de tempo mais curtas (milhões de anos) para continuar a moldar a estrutura do cometa - especialmente na região do pescoço que já estava enfraquecida pela tensão de cisalhamento.

A sonda New Horizons da NASA transmitiu recentemente imagens do seu "flyby" por Ultima Thule, um objeto transneptuniano localizado na Cintura de Kuiper, um reservatório de cometas e outros corpos menores na periferia do Sistema Solar.

Os dados revelaram que este objeto também tem uma forma de lóbulo duplo, embora um pouco achatada em relação ao cometa da Rosetta.

Imagem do objeto da Cintura de Kuiper, Ultima Thule (esquerda), que revela uma aparência surpreendentemente parecida com a do cometa que a sonda Rosetta da ESA explorou durante mais de dois anos (direita).
A sonda New Horizons da NASA passou por Ultima Thule no dia 1 de janeiro de 2019, cujas imagens e dados sugerem que os seus dois lóbulos são mais "achatados" como uma panqueca, em comparação com o Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Ultima Thule, situado para lá da órbita de Neptuno nos confins do Sistema Solar, mede mais ou menos 34 km de comprimento, com os dois lóbulos medindo 19,5 e 14,2 km.
Em comparação, os dois lóbulos do Cometa 67P/C-G medem 4,1 x 3,3 x 1,8 km e 2,6 x 2,3 x 1,8 km. O cometa é provavelmente originário da Cintura de Kuiper e agora orbita o Sol numa viagem de 6,5 anos que o leva logo para lá da órbita de Júpiter, no seu ponto mais distante, até entre as órbitas de Marte e da Terra no seu ponto mais próximo.
Crédito: esquerda - NASA/Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins/SwRI; direita - ESA/Rosetta/NavCam
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"As semelhanças em forma são promissoras, mas as mesmas estruturas de stress não parecem ser tão aparentes em Ultima Thule," comenta Christophe.

À medida que imagens mais detalhadas são transmitidas e analisadas, só o tempo dirá se passou, ou não, por uma história similar à de 67P/C-G.

"Os cometas são ferramentas cruciais para aprender mais sobre a formação e evolução do Sistema Solar," diz Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

"Só explorámos ainda alguns cometas com naves, e 67P é de longe o que vimos com mais detalhe. A Rosetta está a revelar muito sobre estes misteriosos visitantes gelados e, com o resultado mais recente, podemos estudar as orlas exteriores e os primeiros dias do Sistema Solar de uma forma que nunca pudemos alcançar antes."

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Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Nature geoscience)
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Formação e evolução do Sistema Solar:
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Reflexos em vdB 9
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Guenter Kerschhuber
 
A azul vdB 9 é o nono objeto no catálogo de nebulosas de reflexão de Sidney van den Bergh, datado de 1966. Partilha este campo de visão telescópico, com aproximadamente duas vezes o tamanho de uma Lua Cheia no céu, com estrelas e nuvens de poeira escura na direção da constelação norte de Cassiopeia. A poeira cósmica reflete preferencialmente a luz azul da estrela aí embebida, SU Cassiopeiae, dando a vdB 9 o característico tom azulado associado a uma nebulosa de reflexão clássica. SU Cas é uma estrela variável Cefeida, embora mesmo no seu pico de brilho seja demasiado fraca para ser vista a olho nu. Ainda assim, as Cefeidas desempenham um papel importante na determinação de distâncias na nossa Galáxia e além. À distância bem conhecida da estrela, 1540 anos-luz, esta tela cósmica mede cerca de 24 anos-luz.
 

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