Problemas ao ver este e-mail?
Veja no browser

 
 
  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
 
  Astroboletim #1814  
  27/07 a 29/07/2021  
     
 

Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva de Tavira

Observação noturna do céu de Tavira no Parque do Palácio da Galeria
Datas:
01-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
02-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
08-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
09-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
15-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
16-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
22-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
23-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
29-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
30-08-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
02-09-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera
03-09-2021 21:00 - Data esgotada - Lista de espera

Observação noturna do céu na Mata da Conceição
10-09-2021 21:30 - Inscrição

Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva do Algarve

Navegação pelos astros da Ria Formosa em barco solar
02-08-2021 20:30 - Inscrição

Observação Astronómica em Paderne
04-08-2021 21:00 - Inscrição

Observação astronómica dos astros Salgados
09-08-2021 21:00 - Inscrição

Observação astronómica ao pé do Moinho de Maré no Parque Natural da Ria Formosa
11-08-2021 20:15 - Inscrição

Breve encontro com a Lua em Loulé
16-08-2021
Hora: 18:00 - Inscrição
Hora: 18:15 - Inscrição
Hora: 18:30 - Inscrição
Hora: 18:45 - Inscrição
Hora: 19:00 - Inscrição

Observação no Miradouro da Praia da Marinha
19-08-2021 20:30 - Inscrição

Observação astronómica entre a Penina e a Pena
25-08-2021 20:30 - Inscrição

Observação astronómica em São Brás de Alportel
26-08-2021 20:45 - Inscrição

Programa em atualização
Consulte sempre a página das atividades para informações mais detalhadas como o itinerário, ponto de encontro, coordenadas GPS, etc., e para fazer a sua inscrição obrigatória.
Todas as atividades estão dependentes de condições meteorológicas favoráveis.
Não dispensa a consulta do FAQ no site da Ciência Viva no Verão

 
     
 
Efemérides

Dia 27/07: 208.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1801 nascia George Biddell Airy, "Astronomer Royal" (título, agora honorário, que se dá ao diretor do Observatório Real de Greenwich) entre 1835 e 1881.

Forneceu importantes contributos nos campos da Matemática e da Astronomia, nomeadamente a descoberta de irregularidades nos movimentos de Vénus e da Terra, e no seu método de cálculo da densidade média do planeta Terra.
Observações: Com o avançar do verão, o "Bule de Chá" de Sagitário, a sul depois do cair da noite, está a inclinar-se e a "deitar o chá" para a direita. Irá inclinar-se cada vez mais durante o resto do verão - ou durante o resto da noite caso fique acordado(a) até tarde.

Dia 28/07: 209.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1851 era tirada a primeira fotografia do Sol durante um eclipse total, a partir da qual se descobre a coroa solar.
Em 1867 nascia Charles Dillon Perrine, astrónomo americano-argentino, descobridor de duas luas de Júpiter (Himalia em 1904 e Elara em 1905).

Foi também diretor do Observatório Nacional Argentino (hoje com o nome Observatório Astronómico de Córdoba).
Em 1964 era lançada a sonda Ranger 7, que regista as primeiras imagens da Lua tiradas por uma nave americana.
Observações: A longa chuva de meteoros das Delta Aquáridas do Sul deverá atingir o pico, embora o luar interfira com a observação.
E, falando de chuvasde meteoros longas, as Perseídas já começaram. Por agora só conseguimos ver a ocasional Perseída durante o curso das sessões astronómicas, mas os seus números estão gradualmente a subir. A chuva tem pico previsto para a noite de 11 para 12 de agosto sob condições quase perfeitas e sem luar.

Dia 29/07: 210.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1851, A. De Gasparis descobria o asteroide 15 Eunomia.
Em 1898, nascia o físico Isidor Isaac Rabi, que recebeu o prémio Nobel da Física em 1944, pelo seu método de ressonância para registar as propriedades magnéticas do núcleo atómico.

Em 2005, astrónomos anunciam a descoberta do planeta anão Éris.
Observações: Régulo e Marte estão a desaparecer para o resto da estação, para baixo e para a esquerda de Vénus. Se quiser tentar este último desafio, Régulo e Marte esta noite estão em conjunção, separados por 0,6º.
Aponte um instrumento com baixa ampliação para Vénus assim que o pôr-do-Sol permita. De seguida, desloque-se 8º para baixo e para a direita de Vénus para ver se consegue discernir Régulo e o ainda mais ténue planeta Marte antes que fiquem demasiado baixos e se ponham durante o lusco-fusco.

 
 
   
Astrónomos detetam claramente e pela primeira vez disco a formar satélites em torno de exoplaneta

Com o auxílio do ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), do qual o ESO é um parceiro, os astrónomos detetaram pela primeira vez de forma clara a presença de um disco em torno de um planeta fora do nosso Sistema Solar. Estas observações dão-nos novas pistas sobre como é que luas e planetas se formam em sistemas estelares jovens.

"O nosso trabalho mostra uma deteção clara de um disco onde satélites se podem estar a formar," disse Myriam Benisty, investigadora na Universidade de Grenoble, França, e na Universidade do Chile, que liderou este novo trabalho publicado na revista da especialidade The Astrophysical Journal Letters. "Estas observações foram obtidas pelo ALMA e possuem uma tal resolução que pudemos identificar claramente que o disco está associado ao planeta e conseguimos também, pela primeira vez, obter limites para o seu tamanho," acrescenta.

 
Esta imagem obtida com o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), do qual o ESO é um parceiro, mostra uma vista de grande angular (à esquerda) e uma vista de grande plano (à direita) do disco de formação de satélites que rodeia PDS 70c, um planeta jovem do tipo de Júpiter situado a quase 400 anos-luz de distância da Terra. A imagem de grande plano mostra PDS 70c e o seu disco circumplanetário mesmo no centro, com o maior disco circunstelar em forma de anel a encher quase toda a parte direita da imagem. A estrela PDS 70 encontra-se no centro da imagem de grande angular, à esquerda.
Foram descobertos neste sistema dois planetas, PDS 70b e PDS 70c, sendo que o primeiro não é visível nesta imagem. Os planetas esculpiram uma cavidade no disco circunstelar à medida que "engoliam" material do próprio disco, ficando cada vez maiores. Durante este processo, PDS 70c adquiriu o seu próprio disco circumplanetário, que contribuiu para o crescimento do planeta e onde se poderão formar satélites. Este disco circumplanetário é tão grande quanto a distância Terra-Sol e tem massa suficiente para formar até três satélites do tamanho da nossa Lua.
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO)/Benisty et al.
 

O disco em questão, chamado disco circumplanetário, rodeia o exoplaneta PDS 70c, um dos dois planetas gigantes do tipo de Júpiter que orbitam uma estrela situada a quase 400 anos-luz de distância da Terra. Os astrónomos já tinham descoberto anteriormente indícios da existência de um disco de formação de luas em torno deste exoplaneta, mas, uma vez que não conseguiam separar o disco do meio circundante, não tinha sido possível até agora confirmar a sua presença.

Adicionalmente, com o auxílio do ALMA, Benisty e a sua equipa descobriram que o diâmetro do disco tem um tamanho aproximado correspondente à distância Terra-Sol e massa suficiente para formar até três satélites do tamanho da nossa Lua.

Estes resultados não são apenas cruciais para descobrir como é que as luas se formam. "Estas novas observações são também extremamente importantes para comprovar teorias de formação planetária que, até agora, não podíamos testar," explica Jaehan Bae, investigador no Instituto Carnegie para Ciência, EUA, e um dos autores deste estudo.

Os planetas formam-se em discos de poeira em torno de estrelas jovens, esculpindo cavidades à medida que "engolem" material do disco circumstelar para crescer. Durante este processo, um planeta pode adquirir o seu próprio disco circumplanetário, o qual contribui para o crescimento do planeta ao regular a quantidade de matéria que é atraída para si. Ao mesmo tempo, o gás e a poeira do disco circumplanetário podem juntar-se em corpos progressivamente maiores por meio de colisões múltiplas, levando por fim ao nascimento de luas em órbita destes planetas.

No entanto, os astrónomos ainda não compreendem muito bem estes processos. "Em suma, não é ainda claro quando, onde e como é que os planetas e as suas luas se formam," diz Stefano Facchini, bolseiro do ESO, que está também envolvido neste trabalho de investigação.

"Até agora foram descobertos mais de 4000 exoplanetas, mas todos eles fazem parte de sistemas já maduros. PDS 70b e PDS 70c, que formam um sistema reminiscente do par Júpiter-Saturno, são os dois únicos exoplanetas detetados até agora que ainda estão no processo de formação," explica Miriam Keppler, investigadora no Instituto Max Planck para Astronomia, Alemanha, e uma das coautoras deste estudo.

"Este sistema oferece-nos, por isso, uma oportunidade única para observar e estudar os processos de formação de planetas e satélites," acrescenta Facchini.

PDS 70b e PDS 70c, os dois planetas que compõem o sistema, foram descobertos inicialmente com o auxílio do VLT (Very Large Telescope) do ESO em 2018 e 2019, respetivamente, e a sua natureza única significa que foram já observados posteriormente e diversas vezes por outros telescópios e instrumentos.

Estas observações de alta resolução do ALMA permitiram agora aos astrónomos descobrir mais sobre este sistema. Para além de terem confirmado a presença de um disco circumplanetário em torno de PDS 70c e estimarem o seu tamanho e massa, os investigadores descobriram também que PDS 70b não apresenta evidências claras de um tal disco, o que indica que o seu local de nascimento deve ter ficado desprovido de poeira devido ao seu companheiro, PDS 70c.

Com o ELT (Extremely Large Telescope) do ESO, que está a ser construído no Cerro Armazones no deserto chileno do Atacama, conseguiremos compreender ainda melhor este sistema planetário. "O ELT será crucial para este trabalho de investigação, uma vez que, com a sua resolução ainda maior, seremos capazes de mapear o sistema com grande detalhe," diz o coautor Richard Teague, investigador no Centro para Astrofísica | Harvard & Smithsonian, EUA. Em particular, usando o instrumento METIS (Mid-infrared ELT Imager and Spectrograph) que será montado no ELT, a equipa conseguirá ver os movimentos do gás que rodeia PDS 70c, obtendo deste modo uma visão tridimensional do sistema.

// ESO (comunicado de imprensa)
// Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
// Instituto Max Planck (comunicado de imprensa)
// Centro para Astrofísica | Harvard & Smithsonian (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Observando um disco de formação lunar (ESOcast Light 240 do ESO via YouTube)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
04/05/2021 - Hubble observa como um planeta gigante cresce
22/05/2020 - Astrónomos confirmam a existência de dois planetas gigantes recém-nascidos no sistema PDS 70
07/06/2019 - Dois planetas observados diretamente a crescer em torno de uma jovem estrela
03/07/2018 - VLT obtém a primeira imagem confirmada de um planeta recém-nascido
13/11/2012 - Descoberta de gigante abertura em disco de estrela tipo-Sol pode indicar múltiplas planetas

Notícias relacionadas:
Science
Sky & Telescope
Astronomy Now
SPACE.com
PHYSORG
space ref
Science Daily
New Scientist
Reuters
CNN
Gizmodo
engadget
SAPO tek
Pplware SAPO

PDS 70:
PDS 70 (Wikipedia)
PDS 70 b (Exoplanet.eu)
PDS 70 c (Exoplanet.eu)

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
NASA
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

ALMA:
Página principal
ALMA (NRAO)
ALMA (NAOJ)
ALMA (ESO)
Wikipedia

VLT:
ESO
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

 
   
Novo estudo revela formação estelar nunca antes vista na Via Láctea

Astrónomos, usando dois dos radiotelescópios mais poderosos do mundo, fizeram um levantamento detalhado e sensível de um grande segmento da nossa Galáxia - a Via Láctea - detetando rastreadores nunca antes vistos de formação estelar massiva, um processo que domina os ecossistemas galácticos. Os cientistas combinaram as capacidades do VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) da NSF (National Science Foundation) e do Telescópio Effelsberg de 100 metros na Alemanha para produzir dados de alta qualidade que servirão aos investigadores durante anos.

 
Imagem GLOSTAR, usando dados do VLA e do Effelsberg, mostra um segmento do disco da Via Láctea, revelando rastreadores nunca antes vistos de formação estelar massiva.
Crédito: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF
 

Estrelas com mais de dez vezes a massa do nosso Sol são componentes importantes da Galáxia e afetam fortemente os seus arredores. No entanto, entender como estas estrelas massivas são formadas mostra-se um desafio para os astrónomos. Nos últimos anos, este problema foi resolvido estudando a Via Láctea numa variedade de comprimentos de onda, incluindo rádio e infravermelho. Este novo levantamento, chamado GLOSTAR (Global view of the Star formation in the Milky Way), foi projetado para aproveitar as vantagens dos recursos amplamente aprimorados que um projeto de atualização concluído em 2012 deu ao VLA e assim produzir dados anteriormente impossíveis de obter.

O GLOSTAR entusiasmou os astrónomos com novos dados sobre os processos de nascimento e morte de estrelas massivas, bem como sobre o ténue material entre as estrelas. A equipa de investigadores do GLOSTAR publicou uma série de artigos na revista Astronomy & Astrophysics relatando os resultados iniciais do seu trabalho, incluindo estudos detalhados de vários objetos individuais. As observações continuam e posteriormente serão publicados mais resultados.

O levantamento detetou rastreadores reveladores dos estágios iniciais da formação de estrelas massivas, incluindo regiões compactas do gás hidrogénio ionizado pela poderosa radiação de estrelas jovens e emissão de rádio de moléculas de metanol que podem apontar a localização de estrelas muito jovens ainda profundamente envoltas pelas nuvens de gás e poeira onde se estão a formar.

O levantamento também encontrou muitos novos vestígios de explosões de supernova - as mortes dramáticas de estrelas massivas. Estudos anteriores haviam encontrado menos de um-terço do número esperado de remanescentes de supernova na Via Láctea. Na região que estudou, GLOSTAR mais que duplicou o número encontrado usando apenas os dados do VLA, e espera-se que mais apareçam nos dados do Effelsberg.

"Este é um passo importante para resolver este mistério de longa data dos remanescentes de supernova perdidos," disse Rohit Dokara, estudante de doutoramento no Instituto Max Planck para Radioastronomia e autor principal de um artigo sobre os remanescentes.

A equipa GLOSTAR combinou dados do VLA e do telescópio Effelsberg para obter uma visão completa da região estudada. O VLA - um interferómetro - combina os sinais de antenas amplamente separadas para fazer imagens com resolução muito alta que mostram pequenos detalhes. No entanto, este sistema geralmente não consegue detetar estruturas em grande escala. O telescópio Effelsberg de 100 metros de diâmetro forneceu os dados sobre estruturas maiores do que aquelas que o VLA poderia detetar, tornando a imagem completa.

"Isto demonstra claramente que o telescópio Effelsberg ainda é muito importante, mesmo após 50 anos de operação," disse Andreas Brunthaler do Instituto Max Planck para Radioastronomia, líder do projeto e autor principal do artigo geral do levantamento.

 
Radiotelescópios usados para as observações do levantamento GLOSTAR: o telescópio Effelsberg de 100 metros (esquerda) e as 10 antenas do VLA (direita).
Crédito: Norbert Tacken/MPIfR (telescópios Effelsberg); NRAO/AUI/NSF (VLA)
 

A luz visível é fortemente absorvida pela poeira, que as ondas de rádio podem penetrar prontamente. Os radiotelescópios são essenciais para revelar as regiões envoltas em poeira nas quais as estrelas jovens se formam.

Os resultados do GLOSTAR, combinados com outros levantamentos no rádio e no infravermelho, "fornecem aos astrónomos um censo quase completo de enxames formadores de estrelas massivas em vários estágios de desenvolvimento, e isso terá valor duradouro para estudos futuros," disse o membro da equipa William Cotton, do NRAO (National Radio Astronomy Observatory), que é especialista em combinar dados de interferómetro e de telescópio singular.

"O GLOSTAR é o primeiro mapa do Plano Galáctico em comprimentos de onda de rádio que deteta muitos dos importantes rastreadores de formação estelar em alta resolução espacial. A deteção de linhas espectrais atómicas e moleculares é fundamental para determinar a localização da formação de estrelas e para melhor entender a estrutura da Galáxia," disse Dana Balser, também do NRAO.

O iniciador do GLOSTAR, Karl Menten do Instituto Max Planck para Radioastronomia, acrescentou: "É ótimo ver a bela ciência resultante da união de forças de dois dos nossos radiotelescópios favoritos."

// NRAO (comunicado de imprensa)
// Instituto Max Planck para Radioastronomia (comunicado de imprensa)
// Artigo científico #1 (Astronomy & Astrophysics)
// Artigo científico #1 (arXiv.org)
// Artigo científico #2 (Astronomy & Astrophysics)
// Artigo científico #2 (arXiv.org)
// Artigo científico #3 (Astronomy & Astrophysics)
// Artigo científico #3 (arXiv.org)
// Artigo científico #4 (Astronomy & Astrophysics)
// Artigo científico #4 (arXiv.org)
// Características importantes na imagem GLOSTAR (NRAO/AUI/NSF via vimeo)

 


Saiba mais

Formação estelar:
Wikipedia

Supernovas:
Wikipedia 
Remanescente de supernova (Wikipedia)

Via Láctea:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
SEDS

Levantamento GLOSTAR:
Página oficial

VLA:
Página oficial
NRAO
Wikipedia

Radiotelescópio de Effelsberg:
Instituto Max Planck para Radioastronomia
Wikipedia

 
   
InSight da NASA revela o interior de Marte

Antes do módulo InSight da NASA pousar em Marte em 2018, os rovers e orbitadores que estudavam o Planeta Vermelho concentravam-se no estudo da sua superfície. O sismómetro do "lander" mudou isso, revelando detalhes sobre o interior profundo do planeta pela primeira vez.

Foram publicados, na revista Science, três artigos científicos baseados nos dados do sismómetro, fornecendo detalhes sobre a profundidade e composição da crosta, manto e núcleo de Marte, incluindo a confirmação de que o centro do planeta é líquido. O núcleo externo da Terra é líquido, enquanto o seu núcleo interior é sólido; os cientistas vão continuar a usar os dados do InSight para determinar se o mesmo se aplica a Marte.

 
Impressão de artista da estrutura interna de Marte.
Crédito: IPGP/David Ducros
 

"Quando começámos a montar o conceito da missão, há mais de uma década, o que esperávamos obter no final eram as informações nestes documentos," disse Bruce Banerdt, investigador principal do InSight no JPL da NASA no sul da Califórnia, EUA, que lidera a missão. "Isto representa o culminar de todo o trabalho e preocupação da última década."

O sismómetro do InSight, chamado SEIS (Seismic Experiment for Interior Structure), registou 733 sismos marcianos distintos. Cerca de 35 - todos entre magnitudes 3,0 e 4,0 - forneceram dados para os três artigos. O sismómetro ultrasensível permite que os cientistas "ouçam" eventos sísmicos a centenas de milhares de quilómetros de distância.

Espreitando Marte

As ondas sísmicas variam em velocidade e forma quando viajam através de diferentes materiais dentro de um planeta. Estas variações em Marte deram aos sismólogos uma maneira de estudar a estrutura interna do planeta. Por sua vez, o que os cientistas aprendem sobre Marte pode ajudar a melhorar a compreensão de como todos os planetas rochosos - incluindo a Terra - se formaram.

Tal como a Terra, Marte foi aquecido ao formar-se da poeira e aglomerados maiores de material meteorítico em órbita do Sol que ajudaram a moldar o nosso Sistema Solar primitivo. Ao longo das primeiras dezenas de milhões de anos, o planeta separou-se em três camadas distintas - a crosta, o manto e o núcleo - num processo chamado diferenciação. Parte da missão do InSight era medir a profundidade, tamanho e estrutura destas três camadas.

Cada um dos artigos publicados na Science foca-se numa camada diferente. Os cientistas descobriram que a crosta é mais fina do que o esperado e pode ter duas ou até três subcamadas. Atinge uma profundidade de 20 quilómetros se tiver duas subcamadas, ou 37 quilómetros se tiver três.

Depois encontra-se o manto, que se estende por 1560 km abaixo da superfície.

No coração de Marte está o núcleo, que tem um raio de 1830 quilómetros. A confirmação do tamanho do núcleo líquido foi especialmente emocionante para a equipa. "Este estudo é uma oportunidade única na vida," disse Simon Stähler da ETH Zurique, Suíça, autor principal do artigo científico sobre o núcleo. "Os cientistas levaram centenas de anos para medir o núcleo da Terra; após as missões Apollo, foram necessários 40 anos para medir o núcleo da Lua. O InSight demorou apenas dois anos para medir o núcleo de Marte."

À procura de movimentos

Os sismos que a maioria das pessoas sente vêm de falhas provocadas pelo movimento das placas tectónicas. Ao contrário da Terra, Marte não tem placas tectónicas; a sua crosta é, ao invés, uma placa gigante. Mas na crosta marciana ainda se formam falhas, ou fraturas na rocha, devido a stresses provocados pelo ligeiro encolher do planeta à medida que continua a arrefecer.

 
Nuvens flutuam por cima do sismómetro coberto por uma cúpula, sismómetro este conhecido como SEIS, pertencente ao módulo InSight da NASA.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

Os cientistas do InSight passam muito do seu tempo à procura de surtos de vibração nos sismogramas, onde o menor movimento numa linha pode representar um sismo ou até ruído criado pelo vento. Se os movimentos do sismograma seguirem certos padrões conhecidos (e se o vento não estiver a soprar ao mesmo tempo), há uma chance de que seja um sismo.

Os movimentos iniciais são ondas primárias, ou ondas P, que são seguidas por ondas secundárias ou S. Estas ondas também podem aparecer novamente mais tarde no sismograma, após se refletirem em camadas dentro do planeta.

"Estamos à procura de um eco," disse Amir Khan da ETH Zurique, autor principal do artigo sobre o manto. "Estamos a detetar um som direto - ou sismo - e depois a ouvir o eco de um refletor no subsolo."

Estes ecos podem até mesmo ajudar os cientistas a encontrar mudanças dentro de uma única camada, como as subcamadas dentro da crosta.

"A formação de camadas dentro da crosta é algo que vemos o tempo todo na Terra," disse Brigitte Knapmeyer-Endrun da Universidade de Colónia, Alemanha, autora principal do artigo sobre a crosta. "As oscilações de um sismograma podem revelar propriedades como uma mudança na porosidade ou uma camada mais fraturada."

Uma surpresa é que todos os sismos mais significativos do InSight parecem ter vindo de uma área, Cerberus Fossae, uma região vulcanicamente ativa q.b. para que a lava possa aí ter fluído nos últimos milhões de anos. As naves em órbita detetaram rastos de pedregulhos que podem ter rolado por encostas íngremes depois de serem sacudidas por sismos marcianos.

Curiosamente, não foram detetados sismos de regiões vulcânicas mais proeminentes, como Tharsis, lar de três dos maiores vulcões em Marte. Mas é possível que estejam a ocorrer muitos sismos - incluindo os maiores - que o InSight não deteta. Isto ocorre devido a zonas de sombra provocadas pelo núcleo, que refrata ondas sísmicas para longe de certas áreas, evitando que o eco de um sismo alcance o InSight.

À espera do "Grande"

Estes resultados são apenas o começo. Os cientistas têm agora dados concretos para refinar os seus modelos de Marte e da sua formação, e o SEIS deteta novos sismos marcianos todos os dias. Apesar do nível de energia do InSight estar a ser gerido, o seu sismómetro ainda está à escuta e os cientistas têm esperança de detetar um sismo maior do que magnitude 4,0.

"Ainda adoraríamos ver o 'grande'," disse Mark Panning do JPL, coautor do artigo sobre a crosta. "Temos que fazer um processamento cuidadoso para extrair o que queremos destes dados. Um evento maior tornaria isto tudo mais fácil."

// NASA (comunicado de imprensa)
// ETH Zurique (comunicado de imprensa)
// DLR (comunicado de imprensa)
// CNRS (comunicado de imprensa)
// Imperial College London (comunicado de imprensa)
// Universidade de Paris (comunicado de imprensa)
// Artigo científico #1 (Science)
// Artigo científico #2 (Science)
// Artigo científico #3 (Science)
// Artigo científico #4 (geral) (Science)
// Livestream com a equipa do InSight sobre o centro de Marte (JPL via YouTube)

 


Saiba mais

Cobertura da missão InSight pelo CCVAlg - Astronomia:
06/04/2021 - InSight da NASA deteta dois sismos consideráveis em Marte
19/01/2021 - "Toupeira" do InSight termina a sua viagem em Marte
22/12/2020 - Três coisas que aprendemos com o InSight da NASA
08/09/2020 - Surpresa em Marte
28/02/2020 - Um ano de ciência surpreendente da missão InSight da NASA
25/02/2020 - "Lander" InSight vai empurrar a "toupeira"
22/10/2019 - "Toupeira" do InSight está a mover-se novamente
08/10/2019 - A estratégia da NASA para salvar a "toupeira" do InSight
04/10/2019 - InSight "ouve" sons peculiares em Marte
05/07/2019 - InSight da NASA destapa a "toupeira"
26/04/2019 - InSight captura áudio do seu primeiro sismo marciano
08/03/2019 - "Toupeira" do InSight faz uma pausa na escavação
19/02/2019 - InSight prepara-se para medir a temperatura de Marte
08/02/2019 - Sismómetro do InSight tem agora um abrigo aconchegante em Marte
21/12/2018 - InSight coloca primeiro instrumento no solo marciano
11/12/2018 - Lander InSight "ouve" ventos marcianos
27/11/2018 - "Lander" InSight aterra em Marte
23/11/2018 - InSight aterra em Marte no dia 26
20/11/2018 - Local de aterragem do InSight é perfeitamente "chato"
08/05/2018 - InSight a caminho de Marte
03/04/2018 - NASA pronta para estudar o coração de Marte
03/04/2018 - Sismos marcianos podem revolucionar ciência planetária
21/08/2012 - Nova missão da NASA vai estudar directamente e pela primeira vez o interior de Marte

Notícias relacionadas:
Sky & Telescope
SPACE.com
ScienceNews
COSMOS
Scientific American
PHYSORG
Popular Science
ScienceDaily
National Geographic
UPI
Ars Technica
engadget
Wired
Gizmodo
Reuters
CNN
BBC News

InSight:
NASA
NASA - 2
Twitter
Wikipedia

Marte:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
Cerberus Fossae (Wikipedia)

 
   
Também em destaque
  Rover Perseverance prepara-se para recolher primeira amostra (via NASA)
A NASA está a fazer os preparativos finais para a primeira recolha de amostras do rover Perseverance, que futuras missões planeadas irão trazer para a Terra. O geólogo de seis rodas está à procura de um alvo cientificamente interessante numa parte da Cratera Jezero chamada "Cratered Floor Fractured Rough". Espera-se que esta importante etapa tenha início nas próximas semanas. Ler fonte
     
  Compreendendo melhor a química atmosférica da Terra, estudando Marte? (via ESA)
Estudos a longo prazo do ozono e do vapor de água na atmosfera de Marte podem levar a uma melhor compreensão da química atmosférica da Terra. Uma nova análise dos dados da missão Mars Express da ESA revelou que o nosso conhecimento da forma como estes gases atmosféricos interagem entre si está incompleto. Ler fonte
     
  Salvando o Integral: sem propulsão? Sem problema (via ESA)
Há um ano, uma falha na nave Integral significou que provavelmente disparou os seus propulsores pela última vez. Nos dias que se seguiram, a nave em órbita da Terra continuou a lançar luz sobre o violento Universo de raios-gama, e em breve deverá estar a funcionar de forma ainda mais eficiente do que antes, à medida que as equipas de controle da missão implementam uma nova maneira de engenhosa de controlar a nave com 18 anos. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - CG4: Um Glóbulo Cometário Rompido
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Nicolas Rolland & Martin Pugh
 
Pode uma nuvem de gás "agarrar" uma galáxia? Nem de perto. A "garra" desta "criatura" de aparência estranha na foto em destaque é uma nuvem de gás conhecida como glóbulo cometário. Este glóbulo, no entanto, rompeu-se. Os glóbulos cometários são tipicamente caracterizados por cabeças empoeiradas e caudas alongadas. Estas características fazem com que os glóbulos cometários tenham semelhanças visuais com os cometas, mas na realidade são muito diferentes. Os glóbulos são frequentemente o local de nascimento de estrelas, e muitos mostram estrelas bastante jovens nas suas cabeças. O motivo da rutura na cabeça deste objeto ainda não é conhecido. A galáxia à esquerda do glóbulo é enorme, está muito distante e apenas situada perto de CG4 por sobreposição casual.
 
   
Arquivo | Feed RSS | Contacte o Webmaster | Remover da lista
 
       
       
   
Centro Ciência Viva do Algarve
Rua Comandante Francisco Manuel
8000-250, Faro
Portugal
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt
Centro Ciência Viva de Tavira
Convento do Carmo
8800-311, Tavira
Portugal
Telefone: 281 326 231 | Telemóvel: 924 452 528
E-mail: geral@cvtavira.pt
   

Os conteúdos das hiperligações encontram-se na sua esmagadora maioria em Inglês. Para o boletim chegar sempre à sua caixa de correio, adicione noreply@ccvalg.pt à sua lista de contactos. Este boletim tem apenas um caráter informativo. Por favor, não responda a este email. Contém propriedades HTML e classes CSS - para vê-lo na sua devida forma, certifique-se que o seu cliente de webmail suporta este tipo de mensagem, ou utilize software próprio, como o Outlook ou outras apps para leitura de mensagens eletrónicas.

Recebeu esta mensagem por estar inscrito na newsletter de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve e do Centro Ciência Viva de Tavira. Se não a deseja receber ou se a recebe em duplicado, faça a devida alteração clicando aqui ou contactando o webmaster.

Esta mensagem destina-se unicamente a informar e está de acordo com as normas europeias de proteção de dados (ver RGDP), conforme Declaração de Privacidade e Tratamento de dados pessoais.

2021 - Centro Ciência Viva do Algarve | Centro Ciência Viva de Tavira

ccvalg.pt cvtavira.pt