Problemas ao ver este email? Consulte a versão web.

Edição n.º 1191
07/08 a 10/08/2015
 
Siga-nos:      
 
 
EFEMÉRIDES

Dia 07/08: 219.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1959, lançamento do Explorer 6 que, com uma massa de 64,4 kg, torna-se no primeiro satélite a enviar fotos da Terra de órbita. 

Em 1976, a Viking 2 entra em órbita de Marte.
Em 2000, uma equipa internacional de pesquisa planetária descobre em Epsilon Eridani, a apenas 10,5 anos-luz da Terra, um novo planeta gasoso. A descoberta foi, alguns anos depois, colocada em causa.
Observações: Lua em Quarto Minguante, pelas 03:04.

Dia 08/08: 220.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1576, é colocada a pedra angular do observatório Uraniborg de Tycho Brahe, em Ven, Dinamarca.

Em 1977, a estação soviética Salyut 5 arde na atmosfera. Lançada no dia 22 de junho de 1976, a estação esteve tripulada durante 67 dias.
Em 1989 era lançada a missão STS-28, a quarta missão secreta do Departamento de Defesa americano.
Em 2001, lançamento da sonda Genesis, a primeira missão de recolha de material desde o programa Apollo, a primeira a enviar material desde para lá da órbita da Lua (amostras de vento solar).
Observações: A Lua, que já passou a fase Minguante, nasce por volta das 01:30. Ao amanhecer, está alta a este-sudeste, formando um triângulo com Aldebarã (para baixo e para a esquerda) e com as Plêiades (para cima e para a esquerda).

Dia 09/08: 221.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1973 era lançada a sonda soviética Mars 7. A 6 de Março de 1974 o "orbiter"/"lander" falha a entrada na órbita de Marte. A órbita torna-se, assim, solar. 

Em 1976, lançamento da soviética Luna 24, a última missão do programa Luna e a terceira a enviar amostras lunares. A cápsula aterrou na Terra no dia 22 de agosto do mesmo ano.
Observações: Ao amanhecer, a Lua está para cima da constelação de Orionte e para a esquerda de Aldebarã.

Dia 10/08: 222.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1945, morria Robert Goddard, um homem de visão que propôs que se enviasse foguetões à Lua já na década de 1920.

Em 1966 era lançado o Lunar Orbiter 1, missão de estudo para a série Apollo
Em 1990, a sonda Magalhães chega a Vénus
Em 1999 os Sistemas de Ciência Espacial Malin anunciam a confirmação que descreve o nosso vizinho Marte como um local de mudanças meteorológicas e geológicas ao longo do tempo. Um planeta ativo é mais provável de conter vida.
Em 2000, uma equipa liderada por astrónomos da Universidade de Columbia descobrem o mais jovem pulsar, nascido de uma explosão há cerca de 700 anos atrás. Situado no lado oposto da Via Láctea, possui características invulgares que podem forçar os cientistas a reconsiderar como os pulsares são criados e evoluem.
Em 2003, Yuri Malencheko torna-se na primeira pessoa a casar no espaço.
Observações: Já avistou alguns meteoros das Perseídas? A chuva anual das Perseídas deverá atingir o seu pico na noite de 12 para 13 de agosto. O céu não terá Lua.

 
CURIOSIDADES


Para celebrar o terceiro aniversário da aterragem rover Curiosity da NASA em Marte, a agência espacial divulgou duas novas ferramentas online que abrem o novo terreno misterioso do Planeta Vermelho a uma nova geração de exploradores.
Mars Trek é uma aplicação web grátis que fornece visualizações detalhadas e de alta-qualidade do planeta, usando 50 anos de dados da NASA e que permitem com que os astrónomos, cidadãos e alunos estudem as características do Planeta Vermelho.
Experience Curiosity permite com que os utilizadores acompanhem o rover Curiosity durante as suas expedições. O programa simula Marte em 3D, com base em dados reais obtidos pelo rover e pela sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter).

 
HÁ UM ANO QUE A ROSETTA ORBITA O COMETA 67P/C-G
Momentos chave do primeiro ano da Rosetta em órbita do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.
Crédito: ESA/Rosetta/MPS para Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA; ESA/Rosetta/NavCam; sonda: ESA/ATG medialab
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A missão Rosetta da ESA celebrou ontem um ano em redor do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko e a sua maior aproximação ao Sol ocorrerá para a semana.

Foi uma viagem longa mas emocionante para a Rosetta desde o seu lançamento em 2004. Passou pela Terra, por Marte e por dois asteroides antes de alcançar o seu destino final no dia 6 de agosto de 2014. Nos meses seguintes, a missão tornou-se a primeira a orbitar um cometa e a primeira a pousar suavemente um módulo - o Philae - à superfície.

As equipas da missão tiveram que superar muitos desafios, tiveram que aprender a voar num ambiente imprevisível e por vezes inóspito. A sonda enviou um tesouro de dados científicos deste cometa intrigante, abrangendo o seu interior, a sua superfície dramática e a nuvem circundante de poeira, gás e plasma.

Esta animação contém 86 imagens obtidas pela câmara de navegação a bordo da sonda Rosetta da ESA, aquando da aproximação ao Cometa 67P/C-G em agosto de 2014. A primeira imagem foi capturada a 1 de Agosto às 11:07 UTC a uma distância de 832 km. A última foi capturada a 5 de agosto às 15:07 UTC a uma distância de 142 km.
Crédito: ESA/Rosetta/Navcam
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Esta missão é sobre descobertas científicas e todos os dias temos algo novo para admirar e tentar compreender," afirma Nicolas Altobelli, cientista do projeto Rosetta.

"Um ano de observações perto do cometa forneceu-nos uma riqueza de informações e estamos ansiosos por mais um ano de exploração."

Os destaques, até agora, incluem a descoberta de que o vapor de água do cometa tem um "sabor" diferente dos oceanos da Terra, alimentando o debate sobre o possível papel dos cometas e asteroides que forneceram água ao nosso planeta ao longo da sua história.

A primeira deteção de azoto (ou nitrogénio) molecular num cometa forneceu pistas importantes sobre o ambiente de temperatura durante o "nascimento" do cometa. O azoto molecular era comum durante a formação do Sistema Solar, mas necessitava temperaturas muito baixas para ficar preso no gelo, de modo que as medições da Rosetta suportam a teoria que os cometas são originários da fria e distante Cintura de Kuiper.

Imagens pelo instrumento ROLIS do Philae, que traçam a descida até ao primeiro local de aterragem, Agilkia, no 12 de novembro de 2014. A primeira imagem foi obtida a apenas 3 km do cometa, e indica a posição de Agilkia e a área coberta pela próxima imagem na sequência, capturada a apenas 67 metros de distância. As seis imagens que se seguem foram obtidas com aproximadamente 10 segundos de intervalo antes do pouso. A imagem final foi adquirida a 9 metros do local de aterragem. A hora de captura das imagens, bem como a distância à superfície e a resolução, encontram-se no canto inferior direito da animação. A última imagem tem a posição estimada e orientação do Philae, calculados até ±20 cm.
As imagens obtidas pouco antes do pouso revelam progressivamente uma superfície constituída por pedregulho com um metro, de diversas formas e orientações aleatórias, regolitos grosseiros com 10-50 cm e, na imagem mais próxima, grânulos com menos de 10 cm de diâmetro. Pensa-se que os regolitos nesta região atinjam uma profundidade de 2 metros em certos locais, mas parece estar isenta de depósitos de poeira fina à resolução das imagens. O maior dos pedregulhos, visto apenas em imagens obtidas a distâncias entre 67,4 m e 28,9 m, mede cerca de 5 metros de altura, tem uma estrutura irregular e peculiar e linhas de fratura que sugerem forças erosivas que fragmentam as rochas do cometa em pedaços menores. A rocha tem uma "cauda" afunilada de detritos, fornecendo pistas sobre o modo como as partículas levantam voo de uma parte do cometa e são depositadas noutras.
Crédito: ESA/Rosetta/Philae/ROLIS/DLR
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Os dados recolhidos pela Rosetta e pelo Philae durante a descida à superfície permitiram aos cientistas deduzir que o núcleo do cometa não é magnetizado, pelo menos em grandes escalas.

Apesar de se pensar que os campos magnéticos desempenharam uma função importante no movimento de pequenos grãos magnetizados de poeira no Sistema Solar jovem, as medições da Rosetta e do Philae mostram que não continuaram a desempenhar um papel significativo quando as partículas formaram blocos maiores com vários metros de diâmetro.

Estes são apenas alguns dos inúmeros exemplos de descobertas científicas da Rosetta e a maioria vem de dados obtidos durante o início das atividades cometárias.

Agora, o cometa e a sonda estão a uma semana do periélio, o ponto da sua órbita de 6,5 anos em que está mais próximo do Sol. No dia 13 de agosto, estarão a 186 milhões de quilómetros do Sol, cerca de um-terço da distância do encontro de há um ano atrás.

"O período de tempo em redor do periélio é cientificamente muito importante, pois o calor do Sol e a resultante saída de gás e poeira atingem o máximo, fornecendo pistas importantes sobre este momento chave no ciclo de vida total do cometa," comenta Nicolas.

A órbita do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e a sua localização aproximada ao periélio, a posição mais próxima do cometa em relação ao Sol. As posições dos planetas são as corretas para o dia 13 de agosto de 2015.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Por exemplo, as mudanças à superfície podem revelar material fresco que ainda não foi alterado pela radiação solar ou pelos raios cósmicos, dando-nos uma janela sobre as camadas subsuperficiais do cometa - esta será a primeira vez na exploração de cometas que as mudanças à superfície podem ser monitorizadas em relação ao aumento de atividade."

A Rosetta tem estudado o aumento de atividade ao longo dos últimos meses, à medida que os seus gelos aquecem, tornam-se em gás e são expelidos para o espaço, arrastando poeira cometária. Juntos, o gás e a poeira criam uma atmosfera difusa, ou cabeleira, em redor do núcleo e uma longa cauda que estende-se por mais de 120.000 km para o espaço, cauda esta que só pode ser vista de longe.

A Rosetta tem um lugar de destaque no estudo de onde e como esta atividade surge à superfície do cometa. No início de 2015, a sonda passou a apenas 6 km para levar a cabo algumas medições, mas à medida que o nível de gás e poeira aumentava, a Rosetta foi forçada a estudar o cometa a partir de distâncias mais seguras, e opera atualmente entre os 250 e os 300 km.

Esta imagem do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi obtida pela câmara de navegação da Rosetta no dia 30 de julho de 2015 a uma distância de 178 km do centro do cometa.A imagem tem uma resolução de 15,2 m/pixel e mede abrange 15,6 km.
Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"À medida que o periélio se aproxima, as operações perto do cometa provaram ser especialmente difíceis: o aumento do nível de poeira cometária confunde os navegadores estelares da Rosetta e, sem estes a funcionarem corretamente, a Rosetta não consegue orientar-se devidamente no espaço," afirma Sylvain Lodiot, gestor das operações da Rosetta.

"Todas as equipas envolvidas, incluindo o controlo de voo, dinâmica de voo e operações científicas, tiveram que aprender a adaptar-se a estas condições em tempo real. Tivemos que repensar totalmente o modo como operamos a sonda e tivemos que planear as atividades científicas em escalas de apenas alguns dias ou semanas. Tem sido um grande desafio, mas certamente torna a missão ainda mais emocionante."

Um aspeto importante do estudo a longo prazo da Rosetta será a observação da diminuição da atividade cometária nos meses que se seguem ao periélio. A esperança é que a Rosetta acabará por ser capaz de se aproximar, novamente, do núcleo e ver como a superfície mudou durante o encontro próximo com o Sol.

"Um ano depois da chegada, a Rosetta acumulou uma série de êxitos impressionantes," desde a aterragem do Philae, até às muitas descobertas científicas e consequentes publicações," acrescenta Patrick Martin, gestor da missão Rosetta.

"A colheita científica deve continuar até ao próximo ano, enquanto observamos o comportamento pós-periélio do cometa, antes do grande final da Rosetta, marcado para setembro de 2016, quando planeamos fazer pousar a sonda no cometa."

Links:

Cobertura da missão Rosetta pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
04/08/2015 - Ciência à superfície do Cometa 67P/C-G
03/07/2015 - Depressões no Cometa 67P/C-G produzem jatos
26/06/2015 - Água gelada exposta, detetada à superfície do Cometa 67P/C-G
19/06/2015 - Despertar do Philae desencadeia intenso esforço de planeamento
16/06/2015 - O módulo de aterragem da Rosetta, Philae, acordou
12/06/2015 - Equipa da Rosetta avista brilho que poderá ser módulo desaparecido
05/06/2015 - Estudo ultravioleta revela surpresas na cabeleira de cometa
17/04/2015 - Rosetta e Philae descobrem que cometa não é magnetizado
24/03/2015 - Sonda Rosetra faz a primeira deteção de nitrogénio molecular num cometa
06/02/2015 - Rosetta "mergulha" para encontro íntimo
27/01/2015 - Rosetta observa cometa a largar o seu revestimento de poeira
23/01/2015 - Dando a conhecer o cometa da Rosetta
12/12/2014 - Rosetta alimenta debate sobre origem dos oceanos da Terra
28/11/2014 - Onde diabos pousou o Philae?
21/11/2014 - Primeiros resultados científicos do Philae
18/11/2014 - Philae completa missão principal antes de hibernar
14/11/2014 - Philae poisa no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
11/11/2014 - Como aterrar num cometa
07/11/2014 - Adeus "J", olá Agilkia
28/10/2014 - O "perfume" do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
17/10/2014 - ESA confirma local de aterragem do Philae
30/09/2014 - Philae com aterragem prevista para 12 de Novembro
16/09/2014 - Está escolhido o local de aterragem do Philae
26/08/2014 - Onde é que o Philae vai aterrar?
08/08/2014 - A nave Rosetta chega ao seu cometa de destino
05/08/2014 - Sonda Rosetta chega a cometa esta semana
01/04/2014 - Philae está acordado!
17/01/2014 - O despertador mais importante do Sistema Solar
13/07/2010 - Rosetta triunfa no asteróide Lutetia
13/11/2009 - Será que o "flyby" da Rosetta indica uma nova física exótica? 
06/11/2009 - Rosetta faz último "flyby" pela Terra a 13 de Novembro 
06/09/2008 - Rosetta passa por Steins: um diamante no céu 
03/09/2008 - Contagem decrescente para "flyby" por asteróide 
28/02/2007 - A semana dos "flybys" 
01/06/2004 - Primeira observação científica da Rosetta 
12/03/2004 - Escolhidos os dois asteróides para aproximação da Rosetta 
09/03/2004 - Sonda Rosetta finalmente lançada

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Um ano no cometa (galeria de fotos) - ESA
SPACE.com
PHYSORG

Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko:
Wikipedia
ESA

Sonda Rosetta:
ESA
Blog da Rosetta - ESA
NASA
Twitter
Facebook
Wikipedia
Philae (Wikipedia)

 
NOVO RECORDE: OBSERVATÓRIO KECK MEDE GALÁXIA MAIS DISTANTE
EGSY8p7 é a galáxia mais distante já confirmada, cujo espectro obtido com o Observatório W. M. Keck a coloca a um desvio para o vermelho de 8,68, numa altura em que o Universo tinha menos de 600 milhões de anos. A ilustração mostra o incrível progresso feito nos últimos anos no estudo da história cósmica. Estes estudos são importantes para a compreensão da evolução do Universo, desde um período escuro até um em que as galáxias começaram a brilhar. A emissão do hidrogénio de EGSY8p7 poderá indicar que é o primeiro exemplo conhecido de uma antiga geração de galáxias jovens que emitiam radiação invulgarmente forte.
Crédito: Adi Zitrin, Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Uma equipa de astrofísicos, usando o Observatório W. M. Keck no Hawaii, mediu com sucesso a galáxia mais distante já registada e, ainda mais interessante, capturou as suas emissões de hidrogénio quando o Universo tinha menos de 600 milhões de anos. Além disso, o método de deteção da galáxia, apelidada de EGSY8p7, fornece dados importantes sobre como as primeiras estrelas no Universo iluminaram-se após o Big Bang. O artigo científico será publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Usando o poderoso espectrógrafo infravermelho do Observatório Keck, chamado MOSFIRE, a equipa datou a galáxia através da deteção da sua linha Lyman-alpha de emissão - uma assinatura de hidrogénio gasoso e quente, aquecido pela forte emissão de raios ultravioleta proveniente de estrelas recém-nascidas. Embora esta seja uma assinatura detetada frequentemente em galáxias próximas, a deteção da emissão Lyman-alpha a distâncias tão grandes é inesperada, uma vez que é facilmente absorvida pelo inúmeros átomos de hidrogénio que se pensa permearem o espaço entre galáxias nos primórdios do Universo. O resultado fornece novas informações sobre a "reionização cósmica", o processo através do qual as nuvens escuras de hidrogénio foram divididas nos seus protões e eletrões constituintes pela primeira geração de estrelas.

"Vemos frequentemente a linha de emissão Lyman-alpha do hidrogénio em objetos próximos, pois é um dos marcadores mais confiáveis da formação estelar," afirma o astrónomo Adi Zitrin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), autor principal do estudo. "No entanto, à medida que penetramos cada vez mais no Universo e, portanto, cada vez mais no passado, o espaço entre as galáxias contém um número crescente de nuvens escuras de hidrogénio que absorvem este sinal."

Um trabalho recente descobriu que a fração de galáxias que mostram esta linha proeminente diminui acentuadamente depois dos primeiros mil milhões de anos do Universo, o que equivale a um desvio para o vermelho de aproximadamente 6. O desvio para o vermelho é uma medida de quanto o Universo se expandiu desde que a luz saiu de uma fonte distante e só pode ser determinado para objetos ténues com um espectrógrafo acoplado a um telescópio grande e poderoso como os telescópios gémeos de 10 metros do Observatório Keck.

"O aspeto surpreendente da presente descoberta é que detetámos esta linha Lyamn-alpha numa galáxia aparentemente ténue com um desvio para o vermelho de 8,68, correspondendo a uma altura em que o Universo deveria estar repleto de nuvens absorventes de hidrogénio," explica Richard Ellis, coautor e astrónomo do Caltech. "Para além de quebrar o recorde anterior de desvio para o vermelho de 7,73, também obtido no Observatório Keck, esta deteção diz-nos algo novo sobre o modo como o Universo evoluiu nas suas primeiras centenas de milhões de anos."

As simulações computacionais da reionização cósmica sugerem que o Universo era totalmente opaco à radição Lyman-alpha nos primeiros 400 milhões de anos da histórica cósmica e, gradualmente, à medida que as primeiras galáxias nasciam, a intensa radiação ultravioleta das suas estrelas jovens "queimou" este hidrogénio obscurecedor em bolhas de raio cada vez maior que, eventualmente, se sobrepuseram para que todo o espaço entre as galáxias se tornasse "ionizado", isto é, composto por eletrões e protões livres. Neste ponto, a radiação Lyman-alpha ficou livre para viajar desimpedida através do espaço.

Pode ser que a galáxia observada, EGSY8p7, que é invulgarmente luminosa, tenha propriedades especiais que lhe permitiram criar uma grande bolha de hidrogénio ionizado muito mais cedo do que o possível para galáxias mais representativas desta altura," afirma Sirio Belli, estudante do Caltech que ajudou a fazer as observações principais. "Descobriu-se que EGSY8p7 é luminosa, que tem um grande desvio para o vermelho, e as suas cores medidas pelos telescópios Hubble e Spitzer indicam que poderá ser alimentada por uma população de estrelas excecionalmente quentes."

Tendo em conta que a descoberta de uma fonte tão precoce, com radiação Lyman-alpha assim tão poderosa, é algo inesperada, fornece uma nova visão sobre o modo como as galáxias contribuíram para o processo da reionização. É possível que o processo seja irregular, que algumas regiões do espaço evoluam mais rapidamente que outras. Por exemplo, devido a variações na densidade da matéria de lugar para lugar. Alternativamente, EGSY8p7 poderá ser o primeiro exemplo de uma geração antecipada com radiação ionizante invulgarmente forte.

"Em alguns aspetos, o período de reionização cósmica é a peça que faltava na nossa compreensão geral da evolução do Universo," afirma Zitrin. "Além de empurrar a fronteira para uma época em que o Universo tinha apenas 600 milhões de anos, o surpreendente desta descoberta é que o estudo de fontes como EGSY8p7 vai fornecer novos dados sobre como este processo ocorreu."

Links:

Notícias relacionadas:
Observatório Keck (comunicado de imprensa)
SPACE.com
PHYSORG

Universo:
Universo (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)
Cronologia do Big Bang (Wikipedia)

Observatório W. M. Keck:
Página oficial
Wikipedia

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
  Acompanhando um misterioso grupo de asteroides exilados (via NASA)
Bem acima do plano do nosso Sistema Solar, perto do abismo rico em asteroides entre Marte e Júpiter, cientistas descobriram uma família única de rochas espaciais. Estes excêntricos interplanetários são os asteroides Euphrosyne, e têm permanecido distantes, escuros e misteriosos - até agora. Ler fonte
     
  Astrónomos descobrem uma protogaláxia distante ligada à Teia Cósmica (via Caltech)
Uma equipa de astrónomos descobriu um disco gigante e rodopiante de gás a 10 mil milhões de anos-luz de distância - a construção de uma galáxia que está a ser alimentada por gás frio e primordial e que pode ser traçado até ao Big Bang. Os cientistas conseguiram fotografar a protogaláxia e descobriram que está ligada a um filamento do meio intergaláctico, a teia cósmica entre galáxias e que permeia o Universo. Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - O Enxame de Galáxias de Virgem
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Rogelio Bernal Andreo
 
Conhecem-se mais de mil galáxias do Enxame Galáctico de Virgem, o maior e o mais próximo enxame de galáxias [do nosso Grupo Local]. Na verdade, o enxame galáctico é difícil de apreciar todo de uma só vez porque cobre uma grande área do céu. Este mosaico de campo-largo, composto por imagens telescópicas, regista claramente a região central do Enxame de Virgem através de ténues nuvens de poeira no plano da frente da nossa própria Via Láctea. A galáxia dominante, a gigante e elíptica M87, está logo abaixo e para a esquerda do centro da imagem. Para a direita de M87 está uma sequência de galáxias conhecidas como a Cadeia de Markarian. Um estudo mais detalhado da imagem revela muitos membros do enxame galáctico como pequenas manchas difusas. Clique aqui para ver uma versão legendada. Algumas das galáxias pertencem ao catálogo de Messier (M84, M86 e as espirais M88, M90 e M91). Em média, as galáxias do Enxame de Virgem estão a cerca de 48 milhões de anos-luz de distância. A distância ao Enxame de Virgem foi usada na importante determinação da Constante de Hubble e da escala do Universo.
 

Arquivo | Feed RSS | CCVAlg.pt | CCVAlg - Facebook | CCVAlg - Twitter | Remover da lista

Os conteúdos das hiperligações encontram-se na sua esmagadora maioria em Inglês. Para o boletim chegar sempre à sua caixa de correio, adicione noreply@ccvalg.pt à sua lista de contactos. Este boletim tem apenas um carácter informativo. Por favor, não responda a este email. Contém propriedades HTML - para vê-lo na sua devida forma, certifique-se que o seu cliente suporta este tipo de mensagem, ou utilize software próprio, como o Outlook, o Windows Mail ou o Thunderbird.

Recebeu esta mensagem por estar inscrito na newsletter do Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve. Se não a deseja receber ou se a recebe em duplicado, faça a devida alteração clicando aqui ou contactando-nos.

Esta mensagem do Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve destina-se unicamente a informar e não pode ser considerada SPAM, porque tem incluído contacto e instruções para a remoção da nossa lista de email (art. 22.º do Decreto-lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro).

2015 - Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve.