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OCULTAÇÕES ESTELARES PELA ATMOSFERA DE PLUTÃO; PRIMEIROS DADOS CIENTÍFICOS DE OBJETO PÓS-PLUTÃO
20 de maio de 2016

 


Esta ilustração mostra como o espectrómetro Alice da New Horizons "observou" a passagem de duas estrelas por trás de Plutão e da sua atmosfera. A luz de cada estrela diminuiu enquanto passava por camadas cada vez mais profundas da atmosfera, absorvida por vários gases e neblinas.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Cientistas da equipa da New Horizons da NASA dizem que a sonda conseguiu observar as primeiras ocultações de estrelas ultravioletas pela atmosfera de Plutão, uma meta importante da missão. Estes dados, armazenados na memória digital da New Horizons desde o encontro do último verão e só recentemente transmitidos para a Terra, confirmam várias grandes descobertas sobre a atmosfera de Plutão.

Aproximadamente quatro horas depois da maior aproximação da New Horizons por Plutão, no dia 14 de julho de 2015 - quando estava aproximadamente 320.000 km para lá do planeta anão - o espectrómetro ultravioleta Alice a bordo da sonda "assistiu" à passagem de duas estrelas ultravioletas brilhantes por trás de Plutão e da sua atmosfera. A luz de cada estrela diminuiu enquanto passava pelas camadas cada vez mais profundas da atmosfera de Plutão, absorvida por vários gases e neblinas.

Tal como a ocultação solar que o espectrómetro Alice observou meras horas antes - quando usou a luz solar para fazer observações parecidas - estas ocultações estelares forneceram informações acerca da composição e estrutura da atmosfera de Plutão. Ambas as ocultações estelares revelaram impressões digitais espectrais do azoto (também chamado nitrogénio), hidrocarbonetos como metano e acetileno, e até mesmo neblina, como a ocultação solar pouco tempo antes.

Os resultados da ocultação solar e das duas ocultações estelares também são consistentes em termos de pressão vertical e estrutura de temperatura da atmosfera superior de Plutão. Isto significa que os perfis verticais da atmosfera superior de azoto, metano e os hidrocarbonetos observados são semelhantes ao longo de muitas localizações em Plutão.

Estes resultados confirmam os achados da ocultação solar do instrumento Alice, que a temperatura da atmosfera superior é 25% mais fria e, portanto, mais compacta do que os cientistas previram antes do encontro da New Horizons. Isto também confirma, ainda que indiretamente, o resultado da análise e modelagem da observação solar de que a velocidade de fuga do azoto é cerca de 1000 vezes menor do que o esperado antes do "flyby".

New Horizons recolhe primeiros dados científicos de objeto pós-Plutão

Aproximando-se de uma possível missão prolongada enquanto acelera pelo espaço profundo, a sonda New Horizons já observou duas vezes o objeto 1994 JR1, um objeto da Cintura de Kuiper com 145 km de diâmetro que orbita a mais de 5 mil milhões de quilómetros do Sol. Os membros da equipa científica usaram estas observações para revelar novos factos acerca deste remanescente distante do início do Sistema Solar.

Captadas com o instrumento LORRI (Long Range Reconnaissance Imager) da sonda nos dias 7 e 8 de abril, a uma distância de 111 milhões de quilómetros, as imagens quebram o próprio recorde da sonda para as imagens mais próximas de sempre deste KBO, em novembro de 2015, quando a New Horizons detetou JR1 a 280 milhões de quilómetros de distância.

Simon Porter, membro da equipa científica da New Horizons e do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado, disse que as observações contêm vários achados valiosos. "A combinação das observações de novembro de 2015 com as de abril de 2016 permitiu-nos identificar a localização de JR1 até 1000 km, muito melhor do que qualquer outro KBO pequeno," acrescentando que a órbita mais precisa também permite com que a equipa dissipe uma teoria, sugerida há vários anos atrás, de que JR1 era um quási-satélite de Plutão.

Do ponto de vista das observações de abril de 2016, a equipa também determinou o período de rotação do objeto, observando as mudanças na luz refletida da superfície de JR1 para determinar que completa uma rotação a cada 5,4 horas. "É relativamente rápido para um KBO," afirma John Spencer, membro da equipa científica, também do SwRI. "Faz tudo parte da emoção de explorar novos lugares e de ver coisas nunca antes vistas."

Spencer acrescentou que estas observações são um grande treino para possíveis olhares, de perto, de aproximadamente outros 20 KBO ainda mais antigos que podem surgir durante os próximos anos, caso a NASA aprove a extensão da missão. A New Horizons passou pelo sistema de Plutão no dia 14 de julho de 2015, fazendo as primeiras observações, de perto, do planeta anão e das suas cinco luas. A nave dirige-se para mais uma passagem ultra-rasante por outro objeto da Cintura de Kuiper, 2014 MU69, a realizar-se no dia 1 de janeiro de 2019.

 


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As primeiras duas de 20 observações que a New Horizons fez de 1994 JR1 em abril de 2016. O objeto da Cintura de Kuiper é o ponto que se move, indicado pela seta. Os pontos que não se movem são estrelas de fundo. A característica em cima e à esquerda é o reflexo interno da câmara (uma espécie de selfie), provocado pela iluminação de uma estrela muito brilhante mesmo para lá do campo de visão do LORRI; mostra os três braços que suportam o espelho secundário do LORRI.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Os cientistas da New Horizons usaram dados da curva de luz - variações no brilho da luz refletida pela superfície - para determinar o período de rotação de JR1.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Links:

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08/04/2016 - New Horizons preenche lacuna nas observações do ambiente espacial
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25/07/2007 - Neva em Caronte
28/02/2007 - A semana dos "flybys"
20/01/2006 - New Horizons partiu
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Sistema de Plutão:
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