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Edição n.º 1493
29/06 a 02/07/2018
 
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EFEMÉRIDES

Dia 29/06: 180.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1818, nascia Angelo Secchi, astrónomo italiano. Foi Diretor do Observatório da Universidade Gregoriana Pontifical durante 28 anos. Foi um pioneiro na espectroscopia astronómica, um dos primeiros cientistas a afirmar autoritariamente que o Sol era uma estrela.
Em 1868, nascia George Hale, astrónomo solar americano.

Foi quem sugeriu a Einstein (após este lhe ter perguntado) que a sua teoria da curvatura da luz devido à gravidade só poderia ser testada durante um eclipse solar total do Sol. 
Em 1961 era lançado o primeiro satélite a energia nuclear, o satélite americano Transit 4A.
Em 1995, a missão STS-71 do vaivém Atlantis doca pela primeira vez com a estação espacial Mir.
Observações: Observe a Lua a nascer a este-sudeste depois do anoitecer. Uma hora depois, procure Marte perto do horizonte a cerca de um punho à distância do braço esticado para baixo e para a esquerda da Lua.
Ocultação de Europa, entre as 23:26 e as 01:51 (já de dia 30).

Dia 30/06: 181.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1905, Albert Einstein publica o artigo "Sobre a Electrodinâmica dos Corpos em Movimento", no qual introduz a relatividade especial.
Em 1908, ocorria o grande impacto de Tunguska na Sibéria.

Em 1971, três cosmonautas são encontrados mortos no seu veículo de regresso, Soyuz 11, depois de uma missão com problemas da Salyut 1. A tripulação morreu devido a uma de fuga de ar através de uma válvula. Permanecem os únicos humanos a não ter morrido na Terra.
Em 1972, é adicionado o primeiro segundo ao sistema UTC
Em 2001, era lançado o WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) a partir do Centro Espacial Kennedy.
Observações: Eclipse de Europa, entre as 01:28 e as 03:57.
Pouco depois das 23 horas, a Lua e Marte nascem perto um do outro a este-sudeste.

Dia 01/07: 182.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1770, o Cometa Lexell passa a uns meros 2,2 milhões de quilómetros da Terra, menos de 9 vezes a distância entre a Terra e a Lua.
Em 1917, o espelho de 2,5 m chega ao Monte Wilson.

O empresário John D. Hooker doou os fundos para o vidro, que foi o mesmo utilizado para as garrafas de vinho feito pela companhia de Saint Gobrain em França.
Em 2004, inserção orbital da Cassini-Huygens em Saturno.
Em 2013, descoberta da lua S/2004 N 1 de Neptuno
Observações: Trânsito da sombra de Europa, entre as 19:47 e as 22:14.
Com o avançar da noite, até a estrela mais baixa do Triângulo de Verão está razoavelmente alta a este. É Altair, a uns bons dois ou três punhos à distância do braço esticado para baixo ou para baixo e para a direita de Vega.
Para a esquerda de Altair está a pequena constelação de Golfinho.

Dia 02/07: 183.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1967, os satélites de raios-gama Vela 3 e 4, lançados com a intenção de detetar explosões de bombas nucleares, tornam-se famosos pela sua inesperada descoberta dos GRB's (explosões de raios-gama).
Em 1985, era lançada a missão Giotto. O seu objetivo era passar pelo cometa Halley e enviar de volta as primeiras imagens do núcleo de um cometa.

O primeiro encontro ocorreu a 13 de março de 1986, a uma distância de 596 km. A Giotto também estudou o Cometa P/Grigg-Skjellerup durante a sua missão.
Em 2013, a União Astronómica Internacional dá os nomes Cérbero e Estige à 4.ª e 5.ª luas de Plutão, respetivamente.
Observações: Trânsito da sombra de Io, entre as 00:41 e as 02:53.
Eclipse de Io, entre as 21:48 e as 00:05 (já de dia 3).

 
CURIOSIDADES

O lançamento do Telescópio Espacial James Webb foi novamente adiado um ano. No entanto, agora tem uma data concreta: 30 de março de 2021.
 
VLT VÊ 'OUMUAMUA A ACELERAR
Esta imagem artística mostra o primeiro objeto interestelar descoberto no Sistema Solar, 'Oumuamua. Observações obtidas com o VLT (Very Large Telescope) do ESO e o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, entre outros, mostraram que este objeto se está a deslocar para fora do Sistema Solar mais depressa do que o previsto.
Os investigadores pensam que a libertação de material da sua superfície devido ao aquecimento solar é responsável por este comportamento. Esta desgaseificação pode ser vista nesta imagem artística representada sob a forma de uma nuvem subtil que está a ser ejetada do lado do objeto que está virado para o Sol.
Uma vez que a desgaseificação é típica dos cometas, a equipa pensa que a anterior classificação de 'Oumuamua de asteroide interestelar tem que ser alterada.
Crédito: ESA/Hubble, NASA, ESO, M. Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)
 

'Oumuamua, o primeiro objeto interestelar descoberto no Sistema Solar, está a afastar-se do Sol mais depressa do que o esperado. Este comportamento anómalo foi detetado por uma colaboração internacional astronómica que inclui o VLT (Very Large Telescope) do ESO, no Chile. Os novos resultados sugerem que 'Oumuamua é muito provavelmente um cometa interestelar e não um asteroide. A descoberta vai ser publicada na revista Nature.

'Oumuamua — o primeiro objeto interestelar descoberto no seio do nosso Sistema Solar — tem sido sujeito a um intenso escrutínio desde a sua descoberta em outubro de 2017. Agora, ao combinar dados do VLT do ESO e de outros observatórios, uma equipa internacional de astrónomos descobriu que o objeto se está a deslocar mais depressa do que o previsto. O ganho medido em velocidade é pequeno e 'Oumuamua ainda está a desacelerar devido à atração do Sol — mas não tão rapidamente como o previsto pela mecânica celeste.

A equipa liderada por Marco Micheli (ESA) explorou diversos cenários para explicar a velocidade mais elevada que este visitante interestelar peculiar apresenta. Pensa-se que o mais provável é que 'Oumuamua esteja a perder material da sua superfície devido ao aquecimento solar, algo conhecido por desgaseificação, e que seja este empurrão dado pelo material ejetado que dá origem ao impulso, pequeno mas constante, que está a fazer com que 'Oumuamua se esteja a afastar do Sistema Solar mais depressa do que o esperado — no dia 1 de junho de 2018 o objeto deslocava-se a uma velocidade de aproximadamente 114 mil quilómetros por hora.

Tal desgaseificação é um comportamento típico dos cometas, contradizendo por isso a classificação anterior de 'Oumuamua de asteroide interestelar. "Pensamos que este objeto se trata afinal de um estranho cometa minúsculo," comenta Marco Micheli. "Através dos dados vemos que o seu 'empurrão extra' está a ficar mais fraco à medida que o objeto se afasta do Sol, o que é típico dos cometas."

Este diagrama mostra a órbita do objeto interestelar 'Oumuamua a passar através do nosso Sistema Solar. O diagrama mostra o trajeto previsto e o novo trajeto, levando em linha de conta a nova velocidade medida para o objeto.
'Oumuamua passou a distância da órbita de Júpiter no início de maio de 2018 e passará pela órbita de Saturno em janeiro de 2019. Atingirá a distância correspondente à órbita de Urano em agosto de 2020 e à de Neptuno no final de junho de 2024. No final do ano 2025, 'Oumuamua atingirá a fronteira exterior da Cintura de Kuiper e finalmente a heliopausa - a extremidade do Sistema Solar - em novembro de 2038.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Normalmente, quando os cometas são aquecidos pelo Sol, ejetam poeira e gases que formam uma nuvem de material, a chamada coma, à sua volta, para além de uma cauda bastante caraterística. No entanto, a equipa de investigação não conseguiu detetar nenhuma evidência visual de desgaseificação.

"Não observámos nem poeira, nem coma e nem cauda, o que é invulgar," explica a coautora do trabalho Karen Meech, da Universidade do Hawaii, EUA. Meech liderou a equipa, que fez a descoberta inicial, na caraterização de 'Oumuamua em 2017. "Pensamos que 'Oumuamua possa estar a libertar grãos de poeira invulgarmente irregulares e grandes."

A equipa especulou que talvez os pequenos grãos de poeira que se encontram geralmente à superfície da maioria dos cometas tenham sido erodidos durante a viagem de 'Oumuamua pelo espaço interestelar, restando apenas os grãos maiores. Apesar de uma nuvem composta por estas partículas maiores não ser suficientemente brilhante para poder ser detetada, a sua presença poderia explicar a variação inesperada na velocidade de 'Oumuamua.

Para além do mistério da desgaseificação hipotética de 'Oumuamua, temos ainda o mistério da sua origem interestelar. O intuito destas novas observações era determinar com exatidão o seu trajeto, o que teria provavelmente permitido obter o percurso do objeto até ao seu sistema estelar progenitor. Os novos resultados significam, no entanto, que será muito mais difícil obter esta informação.

"A verdadeira natureza deste nómada interestelar enigmático poderá permanecer um mistério," concluiu o membro da equipa Olivier Hainaut, astrónomo no ESO. "O recentemente descoberto aumento de velocidade de 'Oumuamua torna mais difícil descobrir qual o caminho que o objeto tomou desde da sua estrela progenitora até nós."

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
20/03/2018 - 'Oumuamua veio provavelmente de um sistema binário
09/02/2018 - As três surpresas de 'Oumuamua
19/12/2017 - Mais informações sobre o objeto 'Oumuamua
31/10/2017 - Pequeno asteroide ou cometa está apenas de "visita" ao Sistema Solar

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
ESA (comunicado de imprensa)
NASA (comunicado de imprensa)
NASA - 2 (comunicado de imprensa)
Huble/ESA (comunicado de imprensa)
Hubblesite (comunicado de imprensa)
Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
CFHT (comunicado de imprensa)
Artigo científico (PDF)
Artigo científico (Nature)
Hubblecast 111: Hubble vê aceleração de 'Oumuamua (HubbleESA via YouTube)
Animação de 'Oumuamua passando pelo Sistema Solar (HubbleESA via YouTube)
Animação da trajetória esperada e medida de 'Oumuamua (HubbleESA via YouTube)
TED Talk de Karen J. Meech sobre 'Oumuamua
Nature
Science
Blog da Nature
Sky & Telescope
EurekAlert!
PHYSORG
ScienceDaily
New Scientist
SPACE.com
Science alert
ScienceNews
CNN
Reuters
The Verge

'Oumuamua:
JPL/NASA
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

 
QUÍMICA ORGÂNICA COMPLEXA BORBULHA EM ENCÉLADO

Dados da sonda Cassini da NASA revelaram moléculas orgânicas complexas originárias da lua gelada de Saturno, Encélado, reforçando a ideia de que esse mundo oceânico abriga condições adequadas à vida. Os resultados desta nova investigação mostram moléculas muito maiores e mais pesadas.

Poderosas fontes hidrotermais misturam material do núcleo poroso e cheio de água da lua com a água do enorme oceano submerso da lua - e é libertado para o espaço, na forma de vapor de água e grãos de gelo. Uma equipa liderada por Frank Postberg e Nozair Khawaja da Universidade de Heidelberg, Alemanha, continua a examinar a composição do gelo ejetado e recentemente identificou fragmentos de moléculas orgânicas grandes e complexas.

Anteriormente, a Cassini tinha detetado moléculas orgânicas pequenas e relativamente comuns em Encélado. As moléculas orgânicas complexas com centenas de átomos são raras para lá da Terra. A presença de grandes moléculas complexas, juntamente com água líquida e atividade hidrotermal, reforça a hipótese de que o oceano de Encélado pode ser um ambiente habitável.

Uma pluma dramática liberta água gelada e vapor na região polar sul da lua de Saturno, Encélado. A primeira pista desta pluma surgiu quando a Cassini efetuou o primeiro "flyby" pela lua gelada no dia 17 de fevereiro de 2005.
Crédito: NASA/JPL/SSI
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Os resultados foram publicados na Nature.

Tais grandes moléculas podem ser criadas por processos químicos complexos, incluindo aqueles relacionados com a vida, ou podem vir de material primordial em alguns meteoritos.

Em Encélado, é provável que sejam originários da atividade hidrotermal que impulsiona a química complexa no núcleo da lua, comenta Postberg.

"Na minha opinião, os fragmentos que encontrámos são de origem hidrotermal; nas altas pressões e temperaturas quentes que esperamos, é possível que possam surgir moléculas orgânicas complexas," realça.

O material orgânico é injetado no oceano por fontes hidrotermais no chão do oceano de Encélado - algo semelhante aos locais hidrotermais encontrados no fundo dos oceanos da Terra, que são um dos ambientes possíveis que os cientistas investigam para o surgimento da vida no nosso próprio planeta.

Atividade hidrotermal no núcleo de Encélado e a subida de bolhas ricas em material orgânico.
Crédito: ESA; F. Postberg et al. (2018)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Em Encélado, bolhas de gás, que sobem por quilómetros de oceano, podem trazer material orgânico das profundezas, onde podem formar uma película fina que flutua na superfície do oceano e em fissuras, no interior da lua, por baixo da sua concha gelada.

Depois de subir até perto do topo do oceano, as bolhas rebentam ou dispersam o material orgânico, onde foram detetados pela Cassini.

"Os estudos contínuos dos dados da Cassini ajudar-nos-ão a desvendar os mistérios deste intrigante mundo oceânico," comenta a cientista Linda Spilker, do projeto Cassini no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
10/11/2017 - Aquecimento da Lua oceânica Encélado durante mil milhões de anos
02/06/2017 - Cassini descobre que Encélado pode ter "tombado"
17/03/2017 - Polo sul de Encélado é mais quente por baixo da superfície
10/05/2016 - Jatos de Encélado: surpresas na luz de uma estrela
20/10/2015 - Imagens mais próximas do norte de Encélado
18/09/2015 - Cassini descobre oceano global em Encélado
13/03/2015 - Cassini sugere atividade hidrotermal no oceano de Encélado
04/04/2014 - Encélado tem um mar subterrâneo
24/06/2011 - Cassini captura spray oceânico em lua de Saturno
08/03/2011 - Cassini descobre que Encélado é um verdadeiro poço de energia
26/02/2010 - Cassini descobre pletora de plumas e zonas quentes em Encélado
26/06/2009 - Descoberta de sais pela Cassini aponta para oceano por baixo de Encélado
24/07/2009 - Lua de Saturno mostra evidências de amónia
29/11/2008 - Jactos de Encélado - molhados ou apenas selvagens?
26/08/2008 - Cassini observa fonte dos jactos em Encélado
13/08/2008 - Cassini revisita lua gelada de Saturno
09/08/2008 - Cassini prepara-se para passar novamente por Encélado
29/03/2008 - Cassini prova material orgânico de Encélado
15/03/2008 - Cassini voa pelas plumas de Encélado
14/03/2007 - Um começo quente pode explicar os geysers de Encélado
10/03/2006 - Cassini encontra sinais de água líquida em lua de Saturno
02/12/2005 - Vulcões de gelo em Encélado

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Nature)
Astronomy
SPACE.com
Astrobiology web
Scientific American
Discover
EurekAlert!
Science Alert
New Scientist
Futurism
COSMOS
PHYSORG
ScienceDaily
Popular Mechanics
National Geographic
BBC News
Gizmodo

Encélado:
Solarviews
Wikipedia

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

 
UM TESTE GALÁCTICO ESCLARECERÁ A EXISTÊNCIA DA MATÉRIA ESCURA
Esta imagem mostra a distribuição da matéria escura (cima) e das estrelas (baixo).
Crédito: E. Garaldi, C. Porciani, E. Romano-Díaz/Universidade de Bona para a Colaboração ZOMG
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Investigadores da Universidade de Bona e da Universidade da Califórnia em Riverside usaram sofisticadas simulações de computador para criar um teste que pudesse responder a uma questão candente na astrofísica: será que a matéria escura realmente existe? Ou será que a lei gravitacional de Newton precisa de ser modificada? O novo estudo, publicado na Physical Review Letters, mostra que a resposta está escondida no movimento das estrelas dentro de pequenas galáxias satélite que giram em torno da Via Láctea.

Usando um dos supercomputadores mais rápidos do mundo, os cientistas simularam a distribuição da matéria nas chamadas galáxias "anãs" satélite. Estas são pequenas galáxias que rodeiam, por exemplo, a Via Láctea ou Andrómeda.

Os investigadores focaram-se na denominada "relação de aceleração radial" (ou RAR). Nas galáxias de disco, as estrelas movem-se em órbitas circulares em torno do centro galáctico. A aceleração que as força constantemente a mudar de direção é provocada pela atração da matéria na galáxia. A RAR descreve a relação entre esta aceleração e a provocada apenas pela matéria visível. Fornece uma visão acerca da estrutura das galáxias e da sua distribuição de matéria.

"Nós simulámos, pela primeira vez, a RAR das galáxias anãs partindo do pressuposto de que a matéria escura existe," explica o Prof. Dr. Cristiano Porciani do Instituto Argelander de Astronomia da Universidade de Bona. "Acontece que se comportam como versões mais pequenas de galáxias maiores." Mas e se não houver matéria escura e, em vez disso, a gravidade "funcionar" de forma diferente do que pensava Newton? "Neste caso, a RAR das galáxias anãs depende muito da distância até à galáxia de origem, enquanto isso não acontece se a matéria escura existir," explica o investigador Emilio Romano-Díaz.

Esta diferença torna as galáxias satélite uma poderosa ferramenta para testar se a matéria escura realmente existe. A nave espacial Gaia, que foi lançada pela ESA em 2013, já pode fornecer uma resposta. Foi construída para estudar as estrelas na Via Láctea e nas suas galáxias satélite com detalhes sem precedentes e já recolheu uma grande quantidade de dados.

No entanto, este enigma provavelmente levará anos até ser resolvido. "As medições individuais não são suficientes para testar as pequenas diferenças que encontramos nas nossas simulações," explica o estudante de doutoramento Enrico Garaldi. "Mas ao observarmos repetidamente as mesmas estrelas, melhoramos todas as vezes as medições. Mais cedo ou mais tarde, será possível determinar se as galáxias anãs se comportam como estando num universo com matéria escura - ou não."

O "cimento" que mantém as galáxias juntas

Esta questão é uma das mais prementes da cosmologia atual. A existência de matéria escura já foi sugerida há mais de 80 anos pelo astrónomo suíço Fritz Zwicky. Ele percebeu que as galáxias se movem tão depressa dentro dos aglomerados galácticos que estes deviam separar-se. Ele, portanto, postulou a presença de matéria invisível que, devido à sua massa, exerce gravidade suficiente para manter as galáxias nas suas órbitas observadas. Na década de 1970, a sua colega norte-americana Vera Rubin descobriu um fenómeno semelhante em galáxias espirais como a Via Láctea: giram tão depressa que a sua força centrífuga deveria separá-las caso apenas a matéria visível estivesse presente.

Hoje, a maioria dos físicos está convencida de que a matéria escura representa cerca de 80% da massa do Universo. Como não interage com a luz, é invisível aos telescópios. No entanto, supondo que a sua existência fornece um excelente ajuste para várias outras observações - como a distribuição da radiação de fundo, um brilho remanescente de Big Bang. A matéria escura também fornece uma boa explicação para o arranjo e taxa de formação galáctica no Universo. Pese embora, apesar de numerosos esforços experimentais, não temos evidências diretas da existência da matéria escura. Isto levou os astrónomos à hipótese de que a força gravitacional propriamente dita pode comportar-se de maneira diferente do que se pensava anteriormente. De acordo com a chamada teoria MOND (MOdified Newtonian Dynamics), a atração entre duas massas obedece às leis de Newton apenas até certo ponto. Em acelerações muito pequenas, como as que prevalecem nas galáxias, a gravidade torna-se consideravelmente mais forte. Portanto, as galáxias não se desfazem devido à sua velocidade de rotação e a teoria MOND pode dispensar esta misteriosa lacuna observacional.

O novo estudo abre a possibilidade de os astrónomos testarem estas duas hipóteses num regime sem precedentes.

Links:

Notícias relacionadas:
Universidade de Bona (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Artigo científico (Physical Review Letters)
ScienceDaily
EurekAlert!
Space Daily
PHYSORG
UPI

Matéria escura:
Wikipedia

MOND:
Wikipedia

 
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Sigma Octantis e Amigos
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Frank Sackenheim
 
A estrela do polo sul, Sigma Octantis (da constelação do Octante), fica à esquerda deste campo estrelado que abrange mais de 40 graus nos céus do sul. No entanto, é difícil de avistar. A ténue homóloga da Estrela Polar, mas para o hemisfério sul, fica a pouco mais de um grau do polo sul celeste. Também conhecida como Polaris Australis, Sigma Octantis fica abaixo de 5.ª magnitude, cerca de 25 vezes mais ténue do que a Polar e não é fácil de ver a olho nu. Na verdade, até poderá ser a estrela mais fraca já representada numa bandeira nacional. A notável visão de campo largo e profundo também abrange nuvens de poeira galáctica, delimitadas à direita por enxames estelares e nebulosas ao longo dos trechos sul do plano da nossa Galáxia, a Via Láctea. Perto do canto superior da imagem está a amarelada Gamma Crucis, o topo do Cruzeiro do Sul. Fácil de discernir, para cima e para a direita do centro está a longa Nebulosa "Dark Doodad", situada na constelação da Mosca.
 

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