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Edição n.º 1205
25/09 a 28/09/2015
 
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28/09/15 - APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS
20:00 – 22:00 - Apresentação sobre tema de astronomia, seguida de observação astronómica noturna com telescópio (dependente de meteorologia favorável).
Público: Público em geral
Local: CCVAlg
Preço: 2€ - adultos, 1€ jovens (crianças até 12 anos grátis)
Pré-inscrição: consultar este link
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 25/09: 268.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1644, nascia Ole Romer, astrónomo dinamarquês que foi responsável pela demonstração de que a velocidade da luz era finita contrariamente ao que se pensava à data.

Em 1992, a NASA lança a Mars Observer, uma sonda de 511 milhões de dólares com destino Marte, a primeira ao planeta em 17 anos. Onze meses mais tarde, a sonda falha. 
Em 2008, a China lança a nave Shenzhou 7.
Observações: Olhe bem para baixo da Lua esta noite em busca da estrela de primeira magnitude, Fomalhaut, perto do horizonte. Nasce ao anoitecer. A que horas é que a consegue avistar?

Dia 26/09: 269.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1580, Sir Francis Drake completa a sua circumnavegação da Terra.

Em 1997, lançamento da missão STS-86 do vaivém espacial Atlantis.
Observações: O outono já chegou e Deneb substitui Vega como a estrela do zénite ao cair da noite (para observadores a latitudes médias norte).

Dia 27/09: 270.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1905, a revista de Física, Annalen der Physik, recebe o artigo de Einstein, "A inércia de um corpo depende de seu conteúdo de energia?", introduzindo a equação E=mc^2
Em 2003 era lançada a sonda da ESASmart-1, a primeira tentativa de lançar naves espaciais de baixo custo.
Em 2007, a NASA lança a sonda Dawn, com destino Vesta e Ceres, os dois maiores membros da cintura de asteroides.

Em 1997, último contato com a Mars Pathfinder. Embora os controladores tentassem restaurar as comunicações durante os cinco meses seguintes, a missão foi formalmente terminada no dia 10 de março de 1998.
Em 2008, o astronauta da agência espacial chinesa CNSA, Zhai Zhigang, torna-se no primeiro chinês a fazer um passeio espacial enquanto voava na Shenzhou 7.
Observações: Prepare-se para o eclipse lunar da madrugada de 27 para 28!!

Dia 28/09: 271.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1860, nascia Paul Ulrich Villard, físico e químico francês que descobriu os raios-gama em 1900 enquanto estudava a radiação emanada pelo elemento químico rádio.
Em 1999, o Observatório de Raios-X Chandra da NASA divulga uma espetacular imagem da Nebulosa do Caranguejo, os espetaculares remanescentes de uma explosão estelar, revelando algo ainda nunca visto.

O brilhante anel à volta do coração da nebulosa são ondas de partículas altamente energéticas que parecem ter sido expulsas a uma distância de 1 ano-luz da estrela central, e os jatos de partículas afastam-se da estrela de neutrões numa direcção perpendicular à espiral.
Em 2008, a SpaceX lança sua a primeira nave espacial privada, a Falcon 1, para órbita.
Observações: Às primeiras horas da madrugada, super eclipse lunar total! Entre as 01:12 e as 06:22, a Lua passará pela sombra da Terra e ficará com um tom avermelhado ou alaranjado! É um evento mais raro do que o normal porque ao mesmo tempo teremos uma Super-Lua! Mais informações aqui.

 
CURIOSIDADES


Devido a um fenómeno chamado isostasia, a Terra nunca poderá ter uma montanha bastante mais alta que o Evereste. Caso contrário, há muito que os Himalaias estariam razoavelmente mais altos.

 
PLUTÃO CONTINUA A IMPRESSIONAR
A sonda capturou esta imagem de alta resolução de Plutão e a cores melhoradas no dia 14 de julho de 2015. Combina imagens azuis, vermelhas e infravermelhas obtidas pelo Ralph/MVIC (Multispectral Visual Imaging Camera). A imagem resolve detalhes e cores em escalas tão pequenas quanto 1,3 quilómetros.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
(encorajamos a clicar para ver a versão maior. Assim, conseguirá apreciar plenamente a complexidade das características da superfície de Plutão)
 

As mais recentes imagens de alta resolução de Plutão, obtidas pela sonda New Horizons da NASA, são deslumbrantes e aliciantes, revelando um grande número de detalhes topográficos inéditos.

A imagem seguinte - que mostra uma área perto da linha que separa o dia da noite - captura uma vasta paisagem ondulante de estranhas cristas lineares e alinhadas que deixou os membros da missão New Horizons de boca aberta.

"É uma paisagem única e perplexa que se estende por centenas de quilómetros," afirma William McKinnon, da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging) da New Horizons e da Universidade de Washington em St. Louis, EUA. "Parecem mais cascas de árvore ou escamas de dragão do que geologia. Isto vai levar tempo a desvendar; talvez seja alguma combinação de forças tectónicas internas e sublimação de gelo impulsionada pela ténue luz solar."

A imagem "pele de cobra" da superfície de Plutão é apenas parte dos dados enviados pela New Horizons durante os últimos dias. A sonda também capturou a imagem de mais alta resolução, até agora, de Plutão, bem como mapas espectrais detalhadas e outras imagens de alta resolução.

Nesta fotografia a cores reforçadas, obtida pela New Horizons, conseguimos ver montanhas arredondadas e de textura bizarra, informalmente chamadas Tartarus Dorsa, que se levantam ao longo do terminador de Plutão e mostram padrões intricados de cumes azul-cinza e material avermelhado no meio. Com cerca de 530 km de largura, combina imagens azuis, vermelhas e infravermelhas registadas pelo Ralph/MVIC no dia 14 de julho e resolve detalhes tão pequenos quanto 1,3 km.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A nova visão de Plutão a "cores estendidas" - obtida pelo instrumento Ralph/MVIC (Multispectral Visual Imaging Camera) no dia 14 de julho e enviada para a Terra no dia 19 de setembro - mostra a extraordinariamente rica paleta de cores de Plutão.

"Nós usámos o canal infravermelho do MVIC para alargar a nossa visão espectral de Plutão," afirma John Spencer, também do GGI e do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, Colorado, EUA. "As cores da superfície de Plutão foram reforçadas nesta imagem a fim de revelar os detalhes subtis num arco-íris de azuis pálidos, amarelos, laranjas e vermelhos profundos. "Muitas formações geográficas têm as suas próprias cores distintas, contando uma história geológica e climatológica maravilhosamente complexa que apenas agora estamos a começar a descodificar."

Este mapa de projeção cilíndrica de Plutão, em cores reforçadas é, até agora, o mapa mais detalhado e a cores de Plutão. Usa imagens obtidas pelo Ralph da New Horizons, combinadas com imagens obtidas pelo LORRI (Long Range Reconnaissance Imager). As variações de cor foram aprimoradas para realçar diferenças subtis. As cores usadas neste mapa são os canais dos filtros azul, vermelho e infravermelho próximo do instrumento Ralph.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Adicionalmente, também foi enviada dia 20 de setembro uma faixa da superfície de Plutão em alta resolução, capturada pelo LORRI (Long Range Reconnaissance Imager) no dia 14 de julho e que se foca nos detalhes da geologia de Plutão. Estas imagens - as de mais alta resolução disponível, até ao momento, de Plutão - revelam características parecidas com dunas, o litoral mais antigo de um lago de gelo glacial encolhido e montanhas angulares de água gelada com penhascos. Os detalhes da cor foram adicionados usando o mapa global do MVIC.

Imagens de alta resolução de Plutão capturadas pela sonda New Horizons da NASA, momentos antes da maior aproximação de dia 14 de julho de 2015. Revelam características tão pequenas quanto 250 metros, desde crateras, passando por cadeias montanhosas e pela superfície texturizada da vasta bacia informalmente chamada Sputnik Planum. As cores foram melhoradas para realçar diferenças subtis. A imagem mede cerca de 530 km de largura.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Este olhar mais de perto à superfície brilhante e lisa da região informalmente chamada Sputnik Planum mostra que na verdade contém padrões densos de fendas, cumes baixos e terreno recortado. Dunas de partículas de gelo volátil e brilhante são uma possível explicação, dizem os cientistas da missão, mas os gelos de Sputnik podem ser especialmente suscetíveis à sublimação e à formação deste terreno enrugado.

Imagem de alta resolução de Plutão, obtida pela New Horizons momentos antes da maior aproximação de dia 14 de julho de 2015. Revela terreno variado e detalhes tão pequenos quanto 270 metros. Nesta secção com 120 km de largura, a superfície texturizada da planície rodeia duas montanhas de gelo isoladas.
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Além das novas imagens, foi também obtido um mapa do metano gelado à superfície de Plutão, que revela contrastes marcantes e novas informações composicionais: Sputnik Planum tem metano abundante, enquanto a região informalmente chamada Cthulhu Regio não tem, a não ser nalguns cumes isolados e orlas de crateras. As montanhas ao longo do flanco oeste de Sputnik também não têm metano.

A distribuição do metano pela superfície não é nada simples. As maiores concentrações situam-se nas planícies brilhantes e nas bordas das crateras, e normalmente não existem nos centros das crateras ou nas regiões mais escuras. Fora de Sputnik Planum, o gelo de metano parece favorecer áreas mais claras, mas os cientistas não têm a certeza que tal é assim porque é mais provável o metano concentrar-se aí ou porque a sua condensação ilumina essas regiões.

"É como o clássico problema da galinha e do ovo," afirma Will Grundy, membro da equipa e também do Observatório Lowell em Flagstaff, no estado americano do Arizona. "Não temos a certeza porque é que isto acontece, mas o interessante é que a New Horizons tem a capacidade de fazer mapas composicionais requintados da superfície de Plutão, e isto será crucial para resolver o enigma de Plutão."

"Com estas novas imagens e mapas, virámos uma página no estudo de Plutão, começando a revelar o planeta em alta resolução, tanto em cores como em composição," afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons e também do SwRI. "Gostava que o descobridor de Plutão, Clyde Tombaugh, tivesse vivido para ver este dia."

O espectrómetro infravermelho Ralph/LEISA a bordo da New Horizons mapeou a composição da superfície de Plutão enquanto passava pelo planeta anão no dia 14 de julho. À esquerda temos um mapa da abundância do gelo de metano que mostra diferenças regionais flagrantes. A maior absorção de metano é indicada pelas cores roxas mais brilhantes e a menor abundância está a preto. Até agora, só foram recebidos dados da metade esquerda do disco de Plutão. À direita, o mapa de metano foi combinado com imagens de alta resolução obtidas pelo LORRI (Long Range Reconnaissance Imager).
Crédito: NASA/JHUAPL/SwRI
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Links:

Cobertura da missão New Horizons pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
18/09/2015 - Plutão deslumbra em espetacular novo panorama retroiluminado
11/09/2015 - Novas imagens de Plutão pela New Horizons: é complicado
08/09/2015 - New Horizons começou fase intensiva de envio dos dados
01/09/2015 - Equipa da New Horizons escolhe potencial alvo da Cintura de Kuiper para "flyby"
28/07/2015 - New Horizons encontra neblina, "glaciares" em Plutão
24/07/2015 - Nova cadeia montanhosa em Plutão; imagens de Nix e Hidra
21/07/2015 - As planícies geladas e a atmosfera de Plutão
17/07/2015 - New Horizons "telefona"; envia primeiros dados da passagem por Plutão
14/07/2015 - New Horizons passa hoje por Plutão
03/06/2015 - Plutão a cores. Tem manchas, metano e, quem sabe, nuvens
29/05/2015 - New Horizons vê mais detalhes em Plutão 
01/05/2015 - New Horizons deteta características à superfície, possivelmente uma calote polar em Plutão
09/12/2014 - New Horizons acorda para encontro com Plutão 
26/08/2014 - New Horizons passa órbita de Neptuno a caminho de encontro histórico com Plutão 
17/06/2014 - Fracturas em lua de Plutão podem indicar que já teve um oceano subterrâneo
10/06/2014 - Plutão e Caronte podem partilhar atmosfera
25/06/2013 - Equipa da New Horizons mantém plano de voo original para Plutão
29/11/2011 - Luas de Plutão podem significar perigo para a New Horizons 
25/07/2007 - Neva em Caronte
28/02/2007 - A semana dos "flybys"
20/01/2006 - New Horizons partiu
18/06/2004 - New Horizons II - uma missão ao Sistema Solar longínquo

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Astronomy
SPACE.com
Universe Today
spaceref
Popular Science
National Geographic
Discovery News
Wired
TIME
The Verge
AstroPT

New Horizons:
Página oficial
NASA
Twitter
Wikipedia

Sistema de Plutão:
Plutão (Wikipedia)
Caronte (Wikipedia)
Nix (Wikipedia)
Hidra (Wikipedia)
Cérbero (Wikipedia)
Estige (Wikipedia)

 
ROSETTA REVELA CICLO DE ÁGUA GELADA DO COMETA 67P/C-G
Esquerda, topo: o Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko com base em quatro imagens obtidas pela câmara de navegação da Rosetta no dia 2 de setembro de 2014.
Esquerda, em baixo: imagens do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko obtidas com o instrumento VIRTIS (Visible, InfraRed and Thermal Imaging Spectrometer) da Rosetta (esquerda) e mapas da abundância de água gelada (meio) e da temperatura à superfície (direita). As imagens foram obtidas no dia 12 (topo), 13 (meio) e 14 de setembro (em baixo) e focam-se em Hapi, uma região no "pescoço" do cometa, na altura um dos locais mais ativos do núcleo. A comparar estas imagens e mapas, os cientistas descobriram que a água gelada está presente nas zonas mais frias, enquanto é menos abundante e ausente em locais mais quentes. Além disso, a água gelada foi apenas detetada numa região da superfície quando estava à sombra. Isto indica um comportamento cíclico da água gelada para cada rotação cometária.
Direita: o ciclo diário de água gelada. Durante o dia local, a água gelada à superfície e até alguns centímetros de profundidade sublima e escapa; durante a noite local, a superfície arrefece rapidamente enquanto as camadas subjacentes ainda estão quentes. Assim, o gelo subsuperficial continua a sublimar e a deslocar-se para a superfície, onde congela novamente. No dia seguinte, a sublimação começa de novo, primeiro a partir da camada de água gelada formada à superfície.
Crédito: Dados - ESA/Rosetta/VIRTIS/INAF-IAPS/Obs. de Paris-LESIA/DLR; M. C. De Sanctis et. al (2015); Cometa - ESA/Rosetta/NavCam
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A sonda Rosetta da ESA forneceu evidências de um ciclo diário de água-gelo à superfície e subsuperfície dos cometas.

Os cometas são corpos celestes constituídos por uma mistura de poeira e gelos, que vão periodicamente perdendo enquanto viajam em direção ao ponto mais próximo do Sol ao longo das suas órbitas altamente excêntricas.

À medida que a luz solar aquece o núcleo gelado de um cometa, o gelo aí presente - principalmente água, mas também contém outros elementos "voláteis" como monóxido de carbono e dióxido de carbono - transforma-se diretamente em gás.

Este gás desloca-se para longe do cometa, transportando com ele partículas de poeira. Juntos, o gás e a poeira constroem o halo brilhante e a cauda, tão característicos dos cometas.

A Rosetta chegou ao Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko em agosto de 2014 e tem vindo a estudá-lo de perto há já mais de um ano. No dia 13 de agosto de 2015, o cometa atingiu o ponto mais próximo do Sol da sua órbita de 6,5 anos e agora está a mover-se novamente para o Sistema Solar exterior.

Esta imagem da câmara da navegação da Rosetta foi obtida às 01:04 (GMT) de dia 13 de agosto de 2015, apenas uma hora antes do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko alcançar o periélio - o ponto mais próximo do Sol da sua órbita de 6,5 anos. Foi registada a uma distância de mais ou menos 327 km do cometa. Tem uma resolução de 28 metros por pixel, mede 28,6 km de largura e foi processada para realçar os detalhes da atividade cometária.
Crédito: ESA/Rosetta/NAVCAM
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Uma característica fundamental que os cientistas da Rosetta estão a investigar é a maneira como a atividade no cometa e a libertação associada de gases é conduzida, através da monitorização do aumento da atividade no cometa e à sua volta desde a chegada da Rosetta.

Usando o instrumento VIRTIS (Visible, InfraRed and Thermal Imaging Spectrometer) da Rosetta, os cientistas identificaram uma região à superfície do cometa onde a água gelada aparece e desaparece em sincronia com o seu período de rotação. Os seus achados foram publicados na revista Nature.

"Descobrimos um mecanismo que repõe a superfície do cometa com gelo fresco em cada rotação: isto mantém o cometa 'vivo'," afirma Maria Cristina De Sanctis do INAF-IAPS em Roma, Itália, autora principal do estudo.

Imagens do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko obtidas entre os dias 12 e 14 de setembro de 2014 pelo instrumento VIRTIS da Rosetta. As imagens mostram Hapi, uma região no "pescoço" do cometa, na altura um dos locais mais ativos no núcleo.
A primeira e segunda imagens foram obtidas com 12 horas de diferença, portanto separadas por cerca de uma rotação do cometa; a segunda e a terceira têm 37 horas de diferença, por isso o cometa já tinha, entretanto, completado 3 rotações.
Devido à topografia complexa do cometa, as condições de iluminação são diferentes em cada das três imagens, como ilustrado pelas sombras que cobrem diferentes zonas da superfície.
Usando espectros infravermelhos, obtidos ao mesmo tempo com o VIRTIS, os cientistas identificaram o aparecimento e desaparecimento repetido de água gelada, visível apenas nas zonas da superfície à sombra. Isto sugere que a água gelada passa por um ciclo diário, formando-se durante a noite local a partir da sublimação de material subsuperficial e desaparecendo durante o dia cometário seguinte, logo após o nascer-do-Sol local.
Crédito: ESA/Rosetta/VIRTIS/INAF-IAPS/Obs. de Paris-LESIA/DLR; M. C. De Sanctis et al. (2015)
 

A equipa estudou um conjunto de dados obtidos em setembro de 2014, concentrando-se numa região com um quilómetro quadrado no pescoço do cometa. Na altura, o cometa estava a cerca de 500 milhões de quilómetros do Sol e o pescoço era uma das áreas mais ativas.

À medida que o cometa gira, cujo período corresponde a pouco mais de 12 horas, as várias regiões são submetidas a iluminações diferentes.

"Nós vimos a assinatura intrigante da água gelada no espectro da região em estudo, mas apenas quando certas porções estavam à sombra," afirma Maria Cristina.

"Por outro lado, quando o Sol brilhava nestas regiões, o gelo desaparecia. Isto indica um comportamento cíclico da água durante cada rotação do cometa."

Os dados sugerem que a água gelada à superfície e até poucos centímetros abaixo é sublimada quando iluminada pela luz solar, transformando-se em gás que depois flui para longe do cometa. Seguidamente, à medida que o cometa gira e a mesma região fica novamente na escuridão, a superfície arrefece rapidamente de novo.

No entanto, as camadas subjacentes permanecem quentes devido à luz solar que receberam nas horas anteriores e, como resultado, a água gelada à subsuperfície continua a sublimar e encontra o seu caminho para a superfície através do interior poroso do cometa.

Mapas da abundância de água gelada (esquerda) e temperatura à superfície (direita), com foco na região Hapi do "pesçoco" do Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. Estes mapas são baseados em imagens e espectros recolhidos com o instrumento VIRTIS (Visible, InfraRed and Thermal Imaging Spectrometer) da Rosetta nos dias 12 (topo), 13 (meio), e 14 de setembro (baixo) de 2014.
O mapa da abundância de gelo tem como base imagens obtidas pelo VIRTIS na banda óptica a 0,7 micrómetros e em espectros infravermelhos do VIRTIS, combinados com modelos do material à superfície e subsuperfície. Os espectros infravermelhos, obtidos com condições de baixa iluminação, mostram um forte mergulho nos comprimentos de onda entre os 2,7 e 3,6 micrómetros, que mostra a forma característica da absorção provocada pela água gelada à superfície. Nos mapas da abundância de água gelada, o branco indica uma maior abundância de gelo à superfície (mais de 5%), enquanto os tons azuis indicam abundâncias mais baixas: quanto mais escuros os tons de azul, menor a abundância de gelo, até 0%.
Os mapas de temperatura são baseados em espectros do VIRTIS a comprimentos de onda superiores a 4,5 micrómetros. Os tons mais brilhantes e esbranquiçados indicam temperaturas mais altas, e a temperatura mais alta situa-se nos -63ºC; os tons mais escuros e avermelhados indicam temperaturas mais baixas e a mínima situa-se nos -133ºC.
Os mapas de dia 12 e 13 de setembro estão separados por cerca de uma rotação cometária, enquanto os mapas de 13 e 14 estão separados por três rotações. Devido à topografia complexa do cometa, as condições de iluminação são diferentes em cada das três ocasiões.
Ao comparar as duas séries de mapas, os cientistas descobriram que, especialmente no lado esquerdo dos quadros, a água gelada é mais abundante em manchas mais frias (áreas brancas nos mapas da abundância de água, correspondendo a zonas mais escuras nos mapas de temperatura), enquanto é menos abundante ou até ausente em locais mais quentes (áreas azul-escuras nos mapas de abundância de água, correspondentes a áreas mais brilhantes nos mapas de temperatura). Além disso, a água gelada foi apenas detetada em manchas da superfície que estavam à sombra.
Isto indica um comportamento cíclico da água gelada durante cada rotação do cometa.
Crédito: ESA/Rosetta/VIRTIS/INAF-IAPS/Obs. de Paris-LESIA/DLR; M. C. De Sanctis et al. (2015)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Mas assim que este vapor de água "subterrâneo" atinge a superfície fria, congela novamente, cobrindo essa região do cometa com uma camada fina de gelo fresco.

Eventualmente, à medida que o Sol nasce novamente sobre esta parte da superfície durante o próximo dia cometário, as moléculas na camada de gelo recém-formada são as primeiras a sublimar e a viajar para longe do cometa, reiniciando o ciclo.

"Nós suspeitávamos que tal ciclo de água gelada podia estar em jogo nos cometas, com base em modelos teóricos e observações anteriores de outros cometas, mas agora, graças à extensa monitorização do 67P/Churyumov–Gerasimenko pela Rosetta, finalmente temos provas observacionais," salienta Fabrizio Capaccioni, investigador principal do VIRTIS no INAF-IAPS em Roma, Itália.

A partir destes dados, é possível estimar a abundância relativa da água gelada em relação a outros materiais. Até alguns centímetros de profundidade na região estudada do núcleo do cometa, a água gelada corresponde a 10-15% do material e parece estar bem misturada com outros constituintes.

Os cientistas também calcularam a quantidade de vapor de água emitido pela zona analisada com o VIRTIS e mostraram que correspondia a cerca de 3% da quantidade total de vapor de água expelido por todo o cometa ao mesmo tempo, tal como medido pelo sensor micro-ondas MIRO da Rosetta.

"É possível que muitas outras zonas à superfície sejam submetidas ao mesmo ciclo diurno, proporcionando, assim, contribuições adicionais para a libertação geral de gases do cometa," acrescenta o Dr. Capaccioni.

Os cientistas estão agora ocupados a analisar os dados do VIRTIS recolhidos nos meses seguintes, à medida que a atividade do cometa aumentava durante a aproximação do periélio.

"Estes resultados iniciais dão-nos um vislumbre do que está a acontecer debaixo da superfície, no interior do cometa," conclui Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

"A Rosetta é capaz de rastrear alterações no cometa em escalas mais curtas de tempo, bem como em escalas mais longas, e estamos ansiosos por combinar todas estas informações a fim de compreender a evolução deste e de outros cometas."

Links:

Cobertura da missão Rosetta pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
14/08/2015 - O grande dia da Rosetta ao Sol
11/08/2015 - "Fogos de artifício" cometários antes do periélio
07/08/2015 - Há um ano que a Rosetta orbita o Cometa 67P/C-G
04/08/2015 - Ciência à superfície do Cometa 67P/C-G
03/07/2015 - Depressões no Cometa 67P/C-G produzem jatos
26/06/2015 - Água gelada exposta, detetada à superfície do Cometa 67P/C-G
19/06/2015 - Despertar do Philae desencadeia intenso esforço de planeamento
16/06/2015 - O módulo de aterragem da Rosetta, Philae, acordou
12/06/2015 - Equipa da Rosetta avista brilho que poderá ser módulo desaparecido
05/06/2015 - Estudo ultravioleta revela surpresas na cabeleira de cometa
17/04/2015 - Rosetta e Philae descobrem que cometa não é magnetizado
24/03/2015 - Sonda Rosetra faz a primeira deteção de nitrogénio molecular num cometa
06/02/2015 - Rosetta "mergulha" para encontro íntimo
27/01/2015 - Rosetta observa cometa a largar o seu revestimento de poeira
23/01/2015 - Dando a conhecer o cometa da Rosetta
12/12/2014 - Rosetta alimenta debate sobre origem dos oceanos da Terra
28/11/2014 - Onde diabos pousou o Philae?
21/11/2014 - Primeiros resultados científicos do Philae
18/11/2014 - Philae completa missão principal antes de hibernar
14/11/2014 - Philae poisa no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
11/11/2014 - Como aterrar num cometa
07/11/2014 - Adeus "J", olá Agilkia
28/10/2014 - O "perfume" do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
17/10/2014 - ESA confirma local de aterragem do Philae
30/09/2014 - Philae com aterragem prevista para 12 de Novembro
16/09/2014 - Está escolhido o local de aterragem do Philae
26/08/2014 - Onde é que o Philae vai aterrar?
08/08/2014 - A nave Rosetta chega ao seu cometa de destino
05/08/2014 - Sonda Rosetta chega a cometa esta semana
01/04/2014 - Philae está acordado!
17/01/2014 - O despertador mais importante do Sistema Solar
13/07/2010 - Rosetta triunfa no asteróide Lutetia
13/11/2009 - Será que o "flyby" da Rosetta indica uma nova física exótica? 
06/11/2009 - Rosetta faz último "flyby" pela Terra a 13 de Novembro 
06/09/2008 - Rosetta passa por Steins: um diamante no céu 
03/09/2008 - Contagem decrescente para "flyby" por asteróide 
28/02/2007 - A semana dos "flybys" 
01/06/2004 - Primeira observação científica da Rosetta 
12/03/2004 - Escolhidos os dois asteróides para aproximação da Rosetta 
09/03/2004 - Sonda Rosetta finalmente lançada

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Nature
SPACE.com
Astrobiology Magazine
EarthSky
New Scientist
PHYSORG
Discovery News

Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko:
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ESA

Sonda Rosetta:
ESA
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Philae (Wikipedia)

 
BURACO NEGRO DA VIA LÁCTEA MOSTRA SINAIS DE AUMENTO DE ATIVIDADE
Na secção superior da imagem está uma impressão de artista da passagem de G2 por Sgr A*. A imagem de baixo mostra o centro da Via Láctea em raios-X.
Crédito: NASA/CXC/MPE/G. Ponti et al.; ilustração: NASA/CXC/M. Weiss
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Após um novo acompanhamento a longo prazo, três telescópios espaciais detetaram um aumento na taxa de erupções de raios-X do buraco negro gigante, mas normalmente tranquilo, no centro da nossa Galáxia. Os cientistas ainda estão tentando descobrir se este é um comportamento normal, que passou despercebido devido a uma monitorização limitada, ou se estas erupções são provocadas pela recente passagem próxima de um objeto misterioso e poeirento.

Ao combinarem informações de campanhas longas de monitorização pelo Observatório de Raios-X Chandra da NASA e pelo XMM-Newton da ESA, com observações do satélite Swift, os astrónomos foram capazes de rastrear cuidadosamente a atividade do buraco negro supermassivo da Via Láctea ao longo dos últimos 15 anos. O buraco negro supermassivo, a que chamamos Sagitário A*, tem uma massa ligeiramente superior a 4 milhões de sóis. Os raios-X são produzidos pelo gás quente que flui em direção ao buraco negro.

O novo estudo revela que Sagitário A* (ou Sgr A*) tem vindo a produzir uma brilhante explosão de raios-X a cada dez dias. No entanto, ao longo do último ano, houve um aumento de dez vezes na taxa de erupções brilhantes de Sgr A*, cerca de uma por dia. Este aumento aconteceu pouco depois da passagem próxima de um objeto misterioso, chamado G2, por Sgr A*.

"Temos vindo a acompanhar a emissão de raios-X de Sgr A* ao longo dos últimos anos. Isto inclui também a passagem deste objeto poeirento", afirma Gabriele Ponti do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, na Alemanha. "Há cerca de um ano, pensávamos que não tinha surtido absolutamente nenhum efeito sobre Sgr A*, mas os nossos novos dados levantam a possibilidade que tal não é o caso."

Originalmente, os astrónomos pensavam que G2 era uma nuvem prolongada de gás e poeira. No entanto, depois de passar perto de Sgr A* no final de 2013, além de ter ficado ligeiramente esticada pela gravidade do buraco negro, a sua aparência não havia mudado muito. Isto levou a novas teorias que G2 não era simplesmente uma nuvem de gás, mas ao invés uma estrela envolta num casulo empoeirado e alongado.

"Não há um consenso universal no que toca a G2," afirma Mark Morris da Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA. "No entanto, o facto de que Sgr A* ficou mais ativo não muito tempo depois da passagem de G2 sugere que o seu fluxo de matéria pode ter levado a um aumento na taxa de alimentação do buraco negro."

Embora a passagem de G2 tenha mais ou menos coincidido com o surto de raios-X de Sgr A*, os astrónomos conhecem outros buracos negros que parecem ter o mesmo comportamento. Portanto, é possível que este maior ruído de Sgr A* seja um traço comum entre os buracos negros e não tenha relação com G2. Por exemplo, o aumento de atividade em raios-X pode ser devido a uma mudança na força dos ventos de estrelas massivas na vizinhança, que estão a alimentar o buraco negro com material.

"É demasiado cedo para dizer com certeza, mas vamos manter os nossos olhos de raios-X apontados para Sgr A* durante os próximos meses," afirma a coautora Barbara De Marco, também do Max Planck. "Esperamos que novas observações nos digam se G2 é responsável pela mudança ou se as novas erupções são apenas parte do comportamento do buraco negro."

A análise inclui 150 observações do Chandra e do XMM-Newton, apontadas para o centro da Via Láctea ao longo dos últimos 15 anos, desde setembro de 1999 até novembro de 2014. O aumento na taxa e no brilho das erupções de Sgr A* ocorreu após meados de 2014, vários meses após a passagem mais próxima de G2 pelo buraco negro supermassivo.

Se a explicação de G2 estiver correta, o aumento nas erupções brilhantes em raios-X será o primeiro sinal de material em excesso que cai para o buraco negro devido à passagem íntima da nuvem. É provável que algum gás tenha sido retirado da nuvem e capturado pela gravidade de Sgr A*. De seguida, pode ter começado a interagir com material quente que se movia em direção ao buraco negro, canalizando mais gás para Sgr A* para mais tarde ser consumido.

Um artigo sobre estes achados foi aceite para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

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Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Observatório Chandra (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Astronomy
PHYSORG

Sagitário A*:
Wikipedia

Buraco negro supermassivo:
Wikipedia

G2:
Wikipedia

Via Láctea:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
SEDS

Observatório Chandra:
Página oficial (Harvard)
Página oficial (NASA)
Wikipedia

Observatório XMM-Newton:
ESA
Wikipedia

Telescópio Swift:
NASA
Wikipedia

 
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